Saúde mental x qualidade de vida | Entenda a ligação entre os dois universos

Indissociáveis, a saúde mental e a qualidade de vida andam lado a lado.  

Não à toa, quando a pauta é o desenvolvimento de uma rotina de calma, as sugestões para alcançar essa plenitude estão diretamente ligadas à escolha dos hábitos que constroem o dia a dia.  

É a própria Organização Mundial da Saúde quem define a saúde mental como esse ponto de equilíbrio em que o bem-estar permite a cada um de nós atender as demandas cotidianas de forma a usar as habilidades, sendo produtivo para contribuir para a sociedade, ao mesmo tempo em que nos recuperamos naturalmente do estresse que acompanha esse processo.  

Só que, num paralelo com a metáfora do equilibrista de pratos, manter todos eles girando, sem deixar que nenhum caia, é um desafio global.  

Foi o que revelou o levantamento intitulado “Monitor Global dos Serviços de Saúde”. Segundo os resultados de 2022, publicados pela empresa de pesquisa Ipsos, a preocupação com o tema aumentou nos 34 países entrevistados.  

No Brasil, a apreensão com a saúde mental atinge 49% da população – uma taxa 10% superior à média mundial.  

Estatística bem-recebida pela médica psiquiatra Laís César. Isso porque trazer luz para um tema que, até poucas décadas atrás, era estigmatizado permite abordar com leveza e precisão medidas simples que melhoram a qualidade de vida e permitem diagnósticos precoces.  

Para a especialista, mais que diagnosticar, já é possível vislumbrar um cenário em que – para além da superação das limitações causadas pelos transtornos mentais – o foco esteja também nas potencialidades do indivíduo.  

“Agora a gente consegue sonhar em prevenção. Manter a constância na evolução do tratamento e explorar as potências do paciente. O ser humano merece um passo além da patologia. E a linha de cuidado caminha para um futuro de desassociação de queixas e doenças, mas também para a exploração de potências humanas”, explica. 

Olhar para si  


Mais que se pré-ocupar, o caminho indicado é se ocupar olhando para si a fim de compreender e identificar padrões simples, como o seu cronotipo e, consequentemente, a divisão da produtividade ao longo dos períodos que compõem o ciclo circadiano – que equivale ao período, aproximado, das 24 horas do dia.  

A compreensão ajuda a otimizar a produção em termos de trabalho e o desempenho nas atividades físicas, por exemplo, ao passo em que permite também reestruturar a rotina de forma mais individualizada.  

“Quando a gente entende nosso relógio, nosso ritmo, as dores de cabeça vão embora, o apetite volta pro lugar, a produtividade aumenta”, exemplifica Laís.  

A explicação vem da organização do corpo humano, que modula suas funções de acordo com o decorrer do dia e da luminosidade natural. Hormônios específicos agem de manhã, quando os primeiros raios de sol iluminam seu quarto, enquanto outros necessitam da total escuridão para trabalhar no restabelecimento do equilíbrio do seu organismo para o dia que vai começar.  

Segundo Laís, ao menosprezar essa informação, o corpo passa a trabalhar de forma mais custosa do que ele trabalharia e os impactos são sentidos na saúde mental.  

Para o cérebro, o ciclo circadiano é uma fonte fundamental, por isso o sono é tido como questão central – e não de luxo – para quem preza pela manutenção da saúde mental.  

“Programar essas mínimas ações básicas da nossa sobrevivência, que viram questões luxuosas – como dormir mais de 6 horas por dia -, é parar de exigir que o cérebro opere em reserva carga máxima”, recomenda.  

Ao trabalhar com a carga normal, o cérebro fica mais propenso a potencializar a chamada neuroplasticidade neural, que é a capacidade de se moldar a novas circunstâncias, como o aprendizado de uma nova língua ou habilidade.  

De olhos abertos 


30% da população mundial tem algum tipo de transtorno mental. Isso representa 600 milhões de pessoas ao redor do planeta.  

A dificuldade de concentração, fadiga mental e esquecimento podem ser sinais de estresse crônico –  considerado um dos indutores das patologias que compõem o rol dessa estatística. 

 

Por isso, a orientação é clara: ao identificar qualquer indício de sobrecarga mental, converse com um especialista. Vale lembrar que a rede de apoio da saúde mental conta com uma equipe multidisciplinar que vai do nutricionista, psicólogo, terapeuta ocupacional, educador físico até o médico psiquiatra.  

A chave dos fatores protetores é a união da boa saúde metabólica e da qualidade das relações sociais. Cuide-se! 

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