Fertilidade: o caminho para a gravidez pode estar no prato!

Café, carne vermelha e trigo. Os itens, comuns à lista de supermercado das famílias, escondem um potencial revelado pela ciência: a interferência direta na fertilidade feminina.  

Os alimentos têm sido cada vez mais relacionados ao desenvolvimento – ou piora – de doenças que afetam o sistema reprodutivo da mulher, como a endometriose.  

Em alguns casos, as intolerâncias alimentares podem se camuflar num cansaço difícil de diagnosticar. Silenciosa, a doença celíaca é um exemplo de distúrbio associado à endometriose que encontra na má alimentação uma brecha para a infertilidade.  

Não à toa, a nutrição virou ferramenta no tratamento de quem busca engravidar. Um universo feito de homens e mulheres que se desdobram para driblar as estatísticas – já que, segundo a Organização Mundial de Saúde, a infertilidade atinge 15% da população.  

Se antigamente a suplementação com ácido fólico era a única recomendação para as mulheres que decidiam planejar a gravidez, hoje, a nutrição funcional prega a importância da alimentação e peso saudáveis aliados ao acompanhamento – e eventual reforço – de nutrientes como o cálcio, vitaminas D e E e antioxidantes, essenciais no processo de ovulação. 

Paralelamente a isso, evitar o excesso de carne vermelha e de café são orientações médicas para manter distância de eventuais patologias relacionadas à dificuldade para engravidar.   

Trabalho a dois 


Missão vivida a dois, a tarefa de gerar a vida não é exclusividade da mulher e os cuidados também não o são.  

O avanço dos estudos levou a outra mudança nos consultórios: os futuros pais têm investido em mudanças nutricionais com foco na fertilidade.  

Isso porque o espermatozóide que fecunda o óvulo pode impactar a saúde dos descendentes por mais de uma geração, exercendo influência, inclusive, na saúde dos netos do genitor.  

Segundo a nutricionista funcional, Débora Valadão, parte dos problemas de fertilidade masculina diagnosticados em espermogramas é passível de solução apenas com adaptações na alimentação.  

“Os espermatozóides não têm defesa antioxidante própria, eles dependem da oxidação externa que vem da alimentação do paciente”, explica a especialista.  

Débora destaca que o consumo de alimentos ricos em vitamina C e E são essenciais para a saúde reprodutiva masculina. Mas não são os únicos. No caso em que o diagnóstico do espermatozóide inclui alteração na motilidade, os nutrientes indicados são outros.   

“Quando a gente pensa em motilidade, a gente vai pensar em ativar mitocôndria, que são as organelas que formam energia e fazem com que esse mesmo espermatozóide se desloque de forma adequada. Eu poderia falar dois nutrientes que eu considero importantes: vitaminas do complexo B, especialmente B1, B2, B3 e Coenzima Q10”, pontua.  

Intolerâncias alimentares  


Mais que suplementar, é preciso uma investigação para identificar os pontos em desequilíbrio no organismo. Para isso, Débora indica uma série de exames que ajudam a mapear possíveis deficiências que implicam diretamente na fertilidade. Entre eles, estão: 

  • rastreamento para doença celíaca (que costuma estar atrelada à endometriose);  
  • ultrassom para contagem de folículos; 
  • índice de saturação de transferrina; 
  • cálcio; 
  • vitamina D; 
  • vitamina B12; 
  • zinco; 
  • cobre; 


“Existe uma série de exames nutricionais que eu preciso para que eu consiga equilibrar a endometriose. A gente costuma brincar que é a doença da fertilidade mais ‘chata’ de tratar por que tem alteração em quatro vias: da inflamação, da defesa antioxidante, do sistema imunológico e do sistema hormonal”, explica Débora. 

Cardápio reforçado  


A nutricionista listou alguns alimentos que são aliados na manutenção dos pilares para a nutrição das mulheres que já identificaram a endometriose.  

Aporte antioxidante | frutas cítricas, em especial frutas amareladas e alaranjadas;  

Vitamina E | oleaginosas, como nozes, castanha do Pará, semente de girassol; 

Coenzima Q10 | sardinha e amendoim. Brócolis, couve e espinafre também são ricos na substância;  

Dormir bem – Para os ajustes da dieta serem efetivos, eles precisam estar alinhados com noites de sono reparador. “O maior antioxidante do ovário é a melatonina. Sem um sono adequado, eu não tenho uma defesa antioxidante do ovário boa, então não adianta eu comer tudo isso se eu durmo mal porque o ovário é fã da melatonina”, esclarece Débora Valadão. 


Bom lembrar  


A alimentação está diretamente ligada à fertilidade.  

Tanto pela manutenção da saúde, que proporciona o ambiente propício para a ovulação e para a produção de espermatozóides saudáveis, quanto para a prevenção e mitigação de sintomas causados por doenças que podem levar à infertilidade, como a endometriose.  

Investir na nutrição de qualidade é o primeiro passo para casais que planejam ter filhos.  

Caminho que passa pela nutrição funcional, responsável por avaliar os parâmetros individuais e ajustar eventuais desequilíbrios nutricionais a fim de preparar o organismo dos futuros pais para a gestação e para a chegada do bebê.  

A recomendação geral é reforçar o cardápio com alimentos benéficos para esse processo, principalmente aqueles ricos em vitamina E, coenzima Q10 e com função antioxidante.  

Outra dica da nutricionista funcional Débora Valadão é apostar em boas noites de sono: o descanso reparador faz com que tudo flua melhor – da manutenção da homeostase à disposição para pensar numa nova vida para aumentar a família!  

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