Não é sobre plástico, metal ou papel. O que os pesquisadores descobriram foi que a forma como as informações sobre os alimentos são expostas nos rótulos dos produtos impacta diretamente na saúde dos consumidores, através das escolhas mais saudáveis que elas proporcionam.
O estudo realizado pelas Universidades de Nevada, Reno e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) apontou a ligação direta entre o que é mostrado na embalagem e a diminuição de doenças não transmissíveis relacionadas à má nutrição, como as patologias cardiovasculares, diabetes tipo 2 e até alguns tipos de câncer.
Para chegar a tal conclusão, foram avaliados dados de 30 dos 35 países que compõem a Região das Américas da agência especializada em saúde do sistema interamericano, que funciona como um braço da Organização Mundial de Saúde.
Nessas localidades, houve a implantação do Sistema de Rotulagem Nutricional Frontal, uma ferramenta para classificar alimentos e bebidas processados e ultraprocessados ricos em nutrientes críticos como açúcares, sódio e gorduras total, saturada e trans.
O Brasil adotou a obrigatoriedade desse modelo em outubro de 2022, como você viu aqui no blog do Puravida Prime.
Detalhes simples
Aliar as “letras pequenas” das tabelas nutricionais a alertas claros para o excesso de determinadas substâncias ganhou ainda mais força com o contraste de cores proposto. A ideia é que a informação não passe despercebida. E, segundo o estudo, de fato, não passou.
A combinação de palavras é eficiente: “alto em”, “excesso de” sódio, gorduras. Avisos que reverberam na saúde e no comportamento dos consumidores.
Além disso, os cientistas notaram que a diminuição nas vendas desses alimentos levou à reformulação dos produtos, na direção de uma receita mais saudável – ou menos danosa para o organismo.
Método
Entre junho de 2021 e agosto de 2022, os pesquisadores revisaram as políticas do Sistema de Rotulagem Nutricional Frontal disponíveis no banco de dados global sobre a Implementação da Ação Nutricional e cruzaram com as informações do Fundo Mundial de Pesquisa sobre o Câncer (WCRF – World Cancer Research Fund, em inglês).
Paralelamente a isso, a equipe envolvida no estudo avaliou reportagens da mídia, relatórios governamentais e intergovernamentais e sites legislativos e executivos dos países selecionados.
O método, chamado padrão bola de neve, foi realizado em inglês e espanhol.
Depois, as políticas públicas foram avaliadas e os países divididos em cinco grupos – da discussão de agenda à avaliação final pós-aplicação.
No estudo, publicado na revista científica The Lancet Regional Health, os pesquisadores destacam as limitações científicas, como a falta de aprofundamento na realidade de cada país listado, mas evidenciam a necessidade de todos os países aderirem ao sistema para diminuírem os riscos de doenças relacionadas à má nutrição nas Américas, comprovados por meio da análise dos dados.
O que o médico Eric Crosbie, coautor do estudo e professor da Universidade de Nevada afirma é que a implementação desse modelo de embalagem demonstrou melhorar a saúde do consumidor por meio da alimentação.
“Além de melhorar a qualidade nutricional das compras, tem sido associada a uma melhor qualidade da dieta, que por sua vez está associada a uma redução no risco das DNT, como são chamadas as doenças não transmissíveis”, finaliza Eric.