Universo intestinal: desvende os mistérios da saúde através da digestão

Tal qual o universo, no emaranhado de cada um de nós, vivem galáxias feitas de órgãos, células e hormônios ao redor das quais a saúde orbita. Do complexo e refinado conjunto de sistemas que formam o corpo humano, o digestório reluz num organismo saudável.    

O intestino funciona como passagem obrigatória para absorção de nutrientes, mas também como filtro para vírus, bactérias e fungos – o que confere a ele a função de barreira da imunidade.  



Mas, não apenas. A produção de um dos principais hormônios do bem-estar ocorre logo ali, onde, supostamente, terminaria a vida útil dos alimentos ingeridos.  



Grande estrela da constelação hormonal ligada à alegria, 95% da serotonina se encontra no intestino. Fato que ilustra a conexão entre o trato gastrointestinal e o sistema nervoso e exemplifica porque o intestino é chamado de segundo cérebro.  

Astros, planetas, estrelas 


O sistema digestório engloba muito mais que estômago e intestino. Como no cosmo, o trato gastrointestinal inclui outros elementos envolvidos no caminho percorrido pelo alimento desde que chega até a hora em que sai do corpo humano.  

Minúcias à parte, esse sistema é composto pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e órgãos associados, como fígado e pâncreas, além de glândulas acessórias, a exemplo das salivares.

 


Embora a passagem pela boca pareça a mais rápida, quando avaliado todo o percurso, é na primeira etapa que ocorre a liberação de enzimas essenciais para o sucesso da digestão.  

“É a partir da mastigação na cavidade oral e da liberação das enzimas pelas glândulas parótidas, submandibular e sublingual, que nós vamos transformar o alimento em bolo alimentar”, explica o nutricionista especialista em modulação intestinal, Murilo Pereira. 

A seguir, o bolo alimentar passa pelo esôfago em direção ao estômago, onde o alimento é reconhecido, aumentando a produção de ácido clorídrico. Segundo Murilo, o pH durante o processo de digestão, para que haja a homeostase ácida, deve ficar em torno de 1 a 2, até 2,5.  



Depois de atingir a homogeneidade da acidez, o alimento parte em direção ao intestino delgado, onde há o maior número de processos de quebra, chamados de hidrólise – o hidro vem da palavra água, já que, nessa etapa, o elemento é fundamental para o aproveitamento dos nutrientes.  



“O intestino delgado tem áreas como o início, o meio e o final. E cada uma dessas áreas tem responsabilidade pela absorção de compostos distintos”, detalha o especialista. 

Após serem devidamente absorvidos, no intestino grosso o foco é a absorção da água e dos sais minerais. E é justamente a quantidade de água nas fezes que ajuda a avaliar como está a saúde intestinal. 

 

Escala de Bristol  



Dividida em sete classificações, a escala médica inglesa foi pensada para identificar, por meio da aparência e textura das fezes, qual a velocidade do trânsito intestinal.  

Quando sólidas e fragmentadas, indicam prisão de ventre; quando líquidas acusam disenteria. E, além da leitura mais óbvia para leigos, as informações visuais indicam ainda intolerâncias alimentares, doenças intestinais e até o uso de medicamentos.  

Microbiota das estrelas  



O produto final do que é digerido pelo organismo reflete o estado da microbiota intestinal – que é o conjunto de microorganismos (leia: bactérias, vírus e fungos!) que povoam o trato gastrointestinal.  

Idealmente, há de se ter a prevalência das boas bactérias e o controle das bactérias patogênicas, que causam as doenças.  



Para isso, a solução indicada é investir na alimentação de qualidade, voltada aos alimentos in natura. Quanto menos industrializados e ultraprocessados, melhor.  

“Nós temos que dar prioridade a comer comida ‘que estraga’. Essa comida que tem vida, tem compostos fenólicos, tem nutrientes, tem microrganismos. Quanto menos alimento processado, mais estímulo da nossa camada de mucina e do nosso galt (tecido imunitário) e por isso mais barreira protetora”, conta o especialista.   

Bom lembrar  


O intestino é considerado o segundo cérebro do corpo humano graças às funções que desempenha – de conexão com o sistema nervoso e produção de  diversos hormônios, inclusive, ligados ao bem-estar.  



Para manter o processo de digestão equilibrado, é preciso investir na alimentação de qualidade, a fim de criar um ambiente favorável à manutenção das boas bactérias. São elas que garantem a eficiência da barreira imunológica presente no intestino.  



Com uma microbiota intestinal equilibrada, todo o organismo funciona melhor e o resultado é o conjunto de corpo e mente saudáveis.  

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