O conceito é recente: foi só a partir dos anos 50 que o estresse passou a ser chamado pelo nome e começou a ser tratado como tal. A descoberta do endocrinologista húngaro Hans Selye ressignificou a leitura das reações do corpo a situações de ameaça ou perigo e ofereceu uma nova interpretação dessa resposta fisiológica.
E, ao contrário do que se imagina, nem só de efeitos ruins se faz o estresse.
A descarga abrupta de adrenalina pode ser aliada em momentos específicos da vida, como às vésperas de um concurso ou no caso de, por uma eventualidade, um carro desrespeitar o sinal vermelho enquanto você atravessa a rua.
É que o instinto de sobrevivência acionado nesses momentos faz com que o corpo fique alerta e, consequentemente, mais ágil que o habitual.
Habilidades são estimuladas pela mobilização de um conjunto de sistemas e órgãos: o coração passa a bater mais rápido; o pulmão aumenta a frequência respiratória e doses extras de glicose são liberadas na corrente sanguínea para aumentar a agilidade.
Mas, apesar da leitura positiva, quando o assunto é estresse, na maior parte das vezes, os benefícios são exceção. Isso porque as circunstâncias que desencadeiam esse processo costumam estar incorporadas à rotina de forma tóxica e difícil de se desvencilhar.
Embora driblar esses obstáculos pareça um desafio, algumas dicas podem facilitar a busca por uma jornada mais leve – e menos estressante.
Liste prioridades
Elencar as tarefas que precisam ser feitas é um mecanismo poderoso para desocupar a mente das cobranças que a memória traz toda vez que acessa alguma pendência do dia.
Defina o que precisa ser feito com urgência e o que pode esperar um pouco.
Aprender a gerenciar as demandas existentes e negar (por que não!?) novas atividades é um caminho para desafogar a rotina.
Identifique gatilhos
Determinadas situações têm a capacidade de atrapalhar o senso de discernimento, causando estresse.
Observe quais são os gatilhos que conduzem ao descontrole emocional e elabore estratégias para evitá-los. Caso não seja possível contornar, descubra como encarar a situação de maneira a minimizar o impacto no seu organismo.
Exercícios de atenção plena – conhecida como mindfulness – são aliados nessa reconexão consigo. Se manter focado no presente, segundo um estudo, ajuda a processar e regular as emoções.
Priorize o sono
Durma o necessário – e durma bem. A noite de descanso é considerada restauradora pelo efeito produzido em todo o organismo, da reconstrução muscular até a diminuição dos níveis de adrenalina e de cortisol, os hormônios do estresse.
De quebra, você ainda melhora o humor e diminui os sintomas de outros transtornos relacionados à saúde mental, como a ansiedade e a depressão.
Exercite-se
Caminhe, corra, vá para a academia, faça yoga, meditação. Não importa a escolha, o efeito da dopamina liberada ao fim das atividades físicas tem o mesmo resultado sobre a mente estressada.
Focar no esforço físico faz com que você deixe de prestar atenção àquilo que provoca o mal-estar – com o bônus do hormônio que é uma espécie de analgésico natural, liberado na corrente sanguínea, desconectando do aparente caos e ligando à sensação de calmaria.
O resultado foi comprovado por uma pesquisa realizada com 185 estudantes universitários. O grupo realizou atividades aeróbicas duas vezes por semana, ao longo de seis semanas, e relatou a melhoria no humor e produtividade.
Os pesquisadores concluíram, inclusive, que os exercícios aeróbicos são mais eficientes que as intervenções cognitivas para promoção da saúde mental dos alunos – independentemente do sexo ou da idade.
Faça já!
Agora que você leu as quatro primeiras dicas, a última, e mais importante, é: não procrastine.
Olhe para o primeiro item da sua to-do list e coloque em prática.
Deixar para amanhã pode parecer mais confortável no momento em que você decide adiar uma obrigação, mas a procrastinação resulta em estresse, uma vez que prejudica a produtividade, afetando também a saúde e a qualidade do sono.
Bom lembrar
O estresse é uma resposta fisiológica a situações de ameaça ou perigo.
A reação em cadeia provocada no organismo pode ser útil em determinadas circunstâncias mas, de forma geral, causa apenas danos à saúde física e mental.
Por isso, o melhor jeito para encarar os sentimentos despertados por situações estressantes é olhar para o que causa o incômodo, identificando gatilhos, organizando os afazeres diários por ordem de prioridade, dormindo o suficiente, se exercitando e, sobretudo, evitando a procrastinação.
A receita é simples. Basta agir o quanto antes quando notar algo que ameaça o seu equilíbrio e a sua paz interior.