Inflamação x nutrição: como seu organismo responde aos alimentos

A sirene toca. Toda a equipe se mobiliza. Um a um, os guardiões da saúde surgem, prontos para restabelecer o equilíbrio do organismo.

Basta que o corpo se depare com uma ameaça para que o sistema imunológico recrute os glóbulos brancos para combater o invasor. É o mecanismo de defesa*(A) em ação.

Quando o assunto é inflamação, a resposta costuma ser desencadeada por pequenas ou grandes lesões que abrem as portas para as bactérias. O estímulo pode vir também dos vírus que circulam pelo ar.

Depois de iniciado, o processo de combate ao agente invasor para apenas quando a ameaça é neutralizada ou eliminada de vez.

Enquanto isso, o corpo sinaliza que a batalha está em curso com sintomas como febre, vermelhidão, inchaço e outros desconfortos.
 

Só que, quando o assunto é nutrição, esses sinais podem ser menos evidentes. Isso porque há uma série de alimentos que provocam a resposta inflamatória no organismo, de maneira um tanto quanto silenciosa. 

É o caso do açúcar, do sal e dos alimentos ultraprocessados.
 

Excesso é veneno


Estudos*(B) relacionam a alta ingestão de açúcar ao desequilíbrio da microbiota intestinal *, que leva à inflamação sistêmica e desregulação metabólica. 

Glicose demais no organismo faz com que as células tenham uma resposta inflamatória relativa à resistência insulínica – o hormônio que ajuda a metabolizar o açúcar ingerido, transformando o “doce” em energia.

A resistência à insulina, por sua vez, tem ligação direta com a diabetes, pressão alta e altos níveis de colesterol.

Já o excesso de sódio, presente no sal de cozinha, pode causar pedras nos rins, insuficiência renal e aumenta as chances de doenças autoimunes. Um estudo, publicado na Revista Europeia de Nutrição Clínica*(D), confirmou a inflamação aumentada no organismo de quem consome muito sal. 

No caso dos ultraprocessados, o órgão mais propenso às inflamações é o intestino. Uma publicação do British Medical Journal*(E) traz os detalhes de um estudo prospectivo de coorte feito em 21 países, ao longo de nove anos. 

116.087 adultos participaram do acompanhamento, feito por meio de um questionário aplicado com intervalo de três anos. Depois de avaliar os resultados obtidos entre 2003 e 2016, os pesquisadores concluíram que o maior consumo de alimentos ultraprocessados está positivamente associado ao risco de doença inflamatória intestinal.


Natureza em favor da cura

Se determinados alimentos podem ser a causa de inflamações, outros têm o efeito contrário, ao agir como anti-inflamatórios naturais. 

Frutas vermelhas: ricas em fibras, vitaminas e minerais, as frutas vermelhas contêm antioxidantes*(F) que reduzem o risco de doenças cardiovasculares e diabetes. 

Salmão e sardinha: sinônimos de ômega 3, os peixes mais gordurosos são capazes de diminuir as inflamações. 

Brócolis: fonte de um antioxidante chamado sulforafano, o vegetal tem efeito anticancerígeno*(G) e anti-inflamatório. 

Cúrcuma: a especiaria diminui a proteína C reativa (PCR)*(H) que fica aumentada quando há uma inflamação no organismo. Age na redução inflamatória relacionada à diabetes e artrite. 

Bom saber

As más escolhas nutricionais – tal qual um corte – podem desencadear o efeito inflamatório no organismo. O acionamento do sistema de defesa do corpo, segundo pesquisas científicas, é motivado pelo consumo excessivo de determinadas substâncias como o açúcar, o sal e os produtos ultraprocessados. 

Da natureza vêm os potenciais alimentos curativos e, por meio de ajustes na dieta, é possível acrescentar à sua rotina as fontes de nutrientes e vitaminas que auxiliam o organismo a se manter distante das inflamações. 

*(A) Inflamação Crônica – PubMed (nih.gov)

*(B) Alta ingestão de açúcar e o equilíbrio entre bactérias intestinais pró e anti-inflamatórias – PubMed (nih.gov)

*(D)A ingestão de sal dietético está relacionada à inflamação e albuminúria em pacientes hipertensos primários | Revista Europeia de Nutrição Clínica (nature.com) 

*(E)Association of ultra-processed food intake with risk of inflammatory bowel disease: prospective cohort study | The BMJ 

*(F) Frutinhas: efeitos anti-inflamatórios em humanos – PubMed (nih.gov) 

*(G) Effect of Sulforaphane on NOD2 via NF-κB: implications for Crohn’s disease – PubMed (nih.gov) 

*(H) Antioxidant and anti-inflammatory effects of curcuminoid-piperine combination in subjects with metabolic syndrome: A randomized controlled trial and an updated meta-analysis – PubMed (nih.gov) 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *