Alimentação e Sintomas de Estresse: O que Comer e Evitar

Dado que o estresse crônico é uma das grandes ameaças à saúde física e mental, maneiras de se proteger e melhorar a resposta do corpo ao estresse são fundamentais. Alguns nutrientes presentes nos alimentos ou suplementos podem ser especialmente benéficos, por outro lado determinados tipos de alimentação podem prejudicar o organismo e piorar o estado de estresse. Neste artigo abordaremos os elementos benéficos, assim como alguns prejudiciais, ligados à alimentação. Também iremos entender melhor o que é o estresse, suas diferentes fases e os sinais no corpo. 

O que é Estresse? 


O estresse é uma resposta natural do corpo a desafios e demandas do ambiente, tanto físicas quanto psicológicas. Essa reação, muitas vezes chamada de “resposta ao estresse”, é fundamental para a sobrevivência, preparando o corpo para enfrentar situações ameaçadoras, porém em excesso ou por longos períodos pode acarretar prejuízos para a saúde. 

Diferença entre Estresse e Ansiedade 


Embora possam ser confundidos e até apresentarem alguns elementos em comum, estresse e ansiedade são distintos. O estresse refere-se à resposta do corpo a pressões externas ou psicológicas, enquanto a ansiedade é sempre uma condição relacionada ao emocional, que tem repercussões no organismo. 

O estresse é uma parte inevitável da vida e seus efeitos são fortemente determinados pelo modo como encaramos situações desafiadoras. O que é estressante para uma pessoa, pode não ser para outra. O grande problema é o excesso e a frequência exagerada. 

A ansiedade, por outro lado, é um transtorno psicológico que pode ou não estar relacionado com eventos estressantes. Os sintomas principais da ansiedade incluem inquietação, dificuldade em se concentrar, irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono. Uma característica da ansiedade é a preocupação excessiva com alguma situação negativa que pode acontecer no futuro. A ansiedade necessita de cuidados e tratamento.

 


Principais Sintomas de Estresse 


O excesso de estresse gera reações no corpo que repercutem em diversos sistemas. O grande problema é que, muitas vezes, não sabemos reconhecer os sintomas de estresse.

 

Os sintomas de estresse podem variar de pessoa para pessoa. No entanto, alguns dos principais sinais incluem: 

  • Tensão muscular: o estresse pode levar a tensão muscular, resultando em dores nas costas, no pescoço e nos ombros. 

  • Dores de cabeça: a tensão frequentemente desencadeia dores de cabeça. 

  • Problemas digestivos: o estresse pode afetar o sistema digestivo, causando sintomas como dor abdominal, indigestão, constipação ou diarreia. 

  • Problemas de sono: o estresse pode interferir no sono, levando à insônia, dificuldade em adormecer ou acordar frequentemente durante a noite. 

  • Alterações no apetite: algumas pessoas podem perder o apetite, enquanto outras podem comer demais. 

  • Aumento da frequência cardíaca 

  • Sudorese excessiva 

  • Problemas de pele: como acne, eczema ou psoríase, podem piorar sob estresse. 

  • Problemas respiratórios: Respiração superficial e rápida, ou mesmo dificuldade em respirar, podem ocorrer durante períodos estressantes. 

  • Problemas de concentração e memória 

  • Alterações no padrão menstrual: nas mulheres, o estresse pode afetar o ciclo menstrual, levando a irregularidades. 

  • Mudanças no comportamento: o estresse também pode se manifestar por meio de mudanças no comportamento, como irritabilidade, impaciência, choro fácil ou isolamento social. 

É importante observar que esses sinais podem ser causados por uma variedade de fatores, e nem todos indicam necessariamente estresse. Se você estiver preocupado com seus sintomas, é aconselhável consultar um profissional de saúde para obter uma avaliação adequada e orientação. 

Possíveis Causas de Estresse 


Podemos dizer que o organismo já está regulado para um nível saudável de estresse, que são os desafios normais do dia a dia. Por esta razão, logo cedo, nossos níveis de cortisol – conhecido como o hormônio do estresse – aumentam e vão gradualmente declinando ao longo do dia.

Esse cortisol é fundamental para que estejamos alertas, ativos e com energia para agir. Um cortisol baixo nos deixa desanimados e cansados, por outro lado, um cortisol muito alto, por longos períodos, pode levar à ansiedade, insônia, irritabilidade e, posteriormente, ao desgaste e exaustão, além de outros problemas. 

Porém, atualmente, vivemos um estresse atrás do outro, que não são ameaças à nossa vida física, como um animal selvagem ou a escassez de alimentos eram antigamente, mas que surgem na forma de contas para pagar, prazos apertados, trânsito, julgamento das outras pessoas, desentendimento com o parceiro, discussão com os filhos, o chefe ou colegas de trabalho, preocupações com a segurança, saúde, com o futuro… tudo isso são formas de estresse que se não forem bem administradas, podem levar a problemas. 

Níveis de Estresse 


O estresse pode ser classificado em diferentes níveis: 

Nível 1: Estado de Alerta 

  • Nesse estágio, o corpo está preparado para enfrentar desafios. A atenção e os sentidos estão aguçados, há um aumento de energia, a pessoa está pronta para a ação e reação. 

Nível 2: Resistência 

  • Se o estímulo estressor persistir, o corpo entra na fase de resistência, quando o corpo tenta se adaptar à pressão contínua, mantendo um nível de alerta mais baixo. 

Nível 3: Quase Exaustão 

  • A resistência prolongada pode levar à quase exaustão, com recursos do corpo esgotando-se, resultando em sintomas mais intensos e persistentes. 

Nível 4: Exaustão 

  • O estágio final é a exaustão, caracterizada por uma incapacidade significativa de lidar com o estresse, se manifestando em esgotamento, falta de energia, desânimo e que pode resultar em diversos problemas de saúde física e mental. 

O que podemos perceber é que o nível 1 de estresse é benéfico em diversas situações, mas se o estresse continua e entra no nível 2, já começa a se tornar prejudicial e produzir desgaste e desequilíbrios no organismo, se não for neutralizado nessa fase, chega aos níveis 3 e 4 de exaustão, levando a problemas no metabolismo, sistema imune, aumentando o risco de doenças, problemas cognitivos e emocionais. 

Combatendo o Estresse 


Há diversas estratégias eficazes para combater o estresse, incluindo a prática regular de exercícios físicos, técnicas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, e a busca de apoio social. A gestão do tempo e a definição de prioridades também são fundamentais.  

Tratamentos para Estresse 


Para casos mais severos, a busca por ajuda profissional é crucial. Terapias cognitivo-comportamentais, aconselhamento psicológico e, em alguns casos, medicação pode ser prescritos por profissionais de saúde mental. 

Medidas Preventivas 


A prevenção do estresse envolve a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, sono adequado e atividade física regular. Estratégias de gerenciamento de tempo e técnicas de relaxamento podem ser incorporadas à rotina diária. 

Como a nutrição pode ajudar a combater os sintomas de estresse 


Uma alimentação equilibrada desempenha um papel crucial no gerenciamento dos sintomas de estresse. Escolhas alimentares saudáveis não apenas nutrem o corpo, mas também apoiam a saúde mental e ajudam o organismo a enfrentar os desafios do estresse diário. 

Inclua mais os seguintes grupos alimentares: 


Frutas e vegetais: Incorporar uma variedade de frutas e vegetais coloridos fornece nutrientes essenciais, como vitaminas e antioxidantes, que ajudam a combater os efeitos negativos do estresse no corpo. 

Grãos integrais: Optar por grãos integrais, como aveia, quinoa e arroz integral, fornece fibras e carboidratos complexos que deixam os níveis de açúcar no sangue mais estáveis, evitando picos e quedas repentinas de energia, que podem agravar os sintomas de estresse. 

Boa quantidade de proteínas: Fontes de proteínas como peito de frango, peixe, ovos e leguminosas, fornecem aminoácidos como o triptofano e tirosina, que são importantes para a produção de neurotransmissores que influenciam o humor, como a serotonina e dopamina. 

Ácidos graxos ômega-3:  Encontrados em peixes gordurosos, nozes e sementes de chia, os ácidos graxos ômega-3 têm propriedades anti-inflamatórias e podem contribuir para a saúde cerebral, influenciando positivamente o estresse e a ansiedade. 

Chás Relaxantes: Chás de ervas, como camomila e melissa, têm propriedades relaxantes que podem ajudar a acalmar o sistema nervoso, proporcionando alívio temporário do estresse. 

Alimentos a Evitar para Reduzir o Estresse: 


Cafeína em excesso: Embora a cafeína possa oferecer um impulso inicial de energia, o consumo excessivo pode levar a aumento da ansiedade e dificuldade para dormir. 

Açúcar: Alimentos ricos em açúcares refinados podem levar a picos de glicose no sangue, seguidos por quedas abruptas, contribuindo para a irritabilidade e a fadiga. 

Alimentos processados e fast food: Estes geralmente contêm altos níveis de açúcar, sal, carboidratos refinados, óleos, gorduras saturadas e trans, além de aditivos químicos, que estão associadas a efeitos negativos na saúde mental e podem intensificar os sintomas de estresse. 

Álcool em excesso: O álcool pode inicialmente parecer um relaxante, mas o consumo excessivo pode prejudicar o sono e contribuir para aumentar os sintomas de estresse. 

Estratégias Adicionais 


Hidratação adequada: Manter-se hidratado é vital para o funcionamento adequado do corpo e pode influenciar positivamente o estado de espírito. 

Refeições regulares: Manter horários regulares para as refeições ajuda a estabilizar os níveis de energia e previne a irritabilidade causada pela fome. 

Moderação é a chave: Em vez de se privar de certos alimentos, o foco deve ser na moderação e em manter um equilíbrio saudável. 

Suplementos Que Podem Ajudar 


Magnésio: O magnésio é um mineral essencial utilizado pelo corpo para mais de 600 reações metabólicas. A deficiência branda de magnésio é muito comum e isso pode afetar negativamente o cérebro e dificultar o relaxamento. 

Triptofano: Um aminoácido essencial, está presente em alguns alimentos como a semente de abóbora, aves, ovos, peixes, castanhas, aveia e cacau. É utilizado pelo cérebro para produzir o neurotransmissor serotonina e o hormônio melatonina, ligados ao bem-estar, ao bom humor e a um sono reparador.  Um estudo publicado no Archives of Psychiatric Nursing em 2015 revelou que doses mais altas de triptofano na dieta resultaram significativamente em menos irritabilidade. 

Vitamina C: O organismo consome maiores quantidades de vitamina C quando enfrenta níveis mais altos de estresse. Desse modo, pode ser importante aumentar a ingestão deste nutriente.  

Vitaminas do complexo B: Esse conjunto de vitaminas é essencial para a boa produção de neurotransmissores e a estabilização do humor. 

Conclusão 


O mundo atual atravessa uma epidemia de estresse, sendo cada vez mais importante saber reconhecer os sintomas de estresse no organismo e ter ferramentas para ajudar a restabelecer o equilíbrio. Uma alimentação nutritiva e equilibrada e um estilo de vida saudável são fundamentais para isso. 

Estudos: 


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