Xô, desequilíbrio hormonal! Descubra os segredos para combater o ovário policístico.

Afinal, o que é Síndrome do Ovário Policístico? 


A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma doença multifatorial caracterizada por alterações associadas ao maior nível de testosterona livre no sangue, alterações reprodutivas e endócrinas. Afeta cerca de 15 a 18% das mulheres em idade reprodutiva (Fauser et al.,2012). 

Algumas alterações são observadas no organismo como: 

  • Aumento da relação dos hormônios LH/FSH, com maiores níveis de hormônios androgênios como a testosterona livre, responsáveis por algumas alterações corporais como o hirsutismo (ou excesso de pelos no rosto, barriga, coxas, braços). 
  • Excesso de gordura corporal; 
  • Resistência à insulina- hormônio responsável por captar a glicose do sangue e levar para dentro da célula. Sendo assim, é comum, as mulheres apresentarem níveis sanguíneos mais elevados de insulina; 
  • Maior inflamação no corpo associada ao alto percentual de gordura corporal e níveis elevados de glicose. 

O diagnóstico da Síndrome do Ovário Policístico é baseado nos itens abaixo, conforme o terceiro Consenso de Rotterdam (Fauser et al. 2012): 

  1. Irregularidade do ciclo menstrual ou sangramento uterino excessivo; 
  1. Hiperandrogenismo: observa-se no exame de sangue uma elevação da testosterona sérica total ou livre. Além disso, o médico pode observar o excesso de pelos em algumas regiões do corpo; 
  1. Ovários com múltiplos cistos observados em exame de imagem, com aumento do volume do ovário (>10cm). 

Por que cuidar da alimentação é essencial?


Mulheres com SOP podem apresentar algumas consequências como a resistência insulínica, obesidade, diabetes tipo II, doenças cardiovasculares, pressão arterial elevada, maior risco de câncer do endométrio, infertilidade e depressão. Quando falamos de infertilidade, isto é muito relativo; uma vez que muitas mulheres com SOP engravidam facilmente. 

A alimentação é parte essencial do tratamento da SOP visando o controle da inflamação, do peso e dos níveis de insulina e glicemia. Ter bons hábitos alimentares em conjunto com a prática de atividade física, contribui para obter bons resultados nos exames hormonais, de imagem e regulação do ciclo menstrual. 

Como deve ser a sua alimentação? 


Alimentação com baixo índice glicêmico (BIG), ou seja, contendo alimentos que não elevem tanto a glicemia, como pães integrais, cereais, leites e iogurtes desnatados, leguminosas como feijão e lentilha, maçã e pera com casca, parecem contribuir para redução da glicemia, insulina e colesterol sanguíneos. Outra opção é sempre incluir uma proteína ou fonte de fibra juntamente com o carboidrato, como o famoso pão com ovo. 

A dieta cetogênica, que contém uma menor quantidade de carboidratos, parece adequar o ciclo menstrual, reduzindo a glicemia e o peso corporal, melhorando o funcionamento do fígado e tratamento da esteatose em mulheres com SOP que eram obesas. Mas não se esqueça que para um seguimento adequado da dieta cetogênica e, que não traga prejuízos ao seu corpo, é importante o acompanhamento nutricional. 

O excesso de gordura saturada ou trans, assim como de açúcar refinado e doces, contribui para o aumento do peso e inflamação. Diante disso, estes alimentos devem ser evitados. 

Quais suplementos são importantes? 


Mulheres com Síndrome do Ovário Policístico normalmente apresentam uma dieta deficiente em fibras, ômega 3, cálcio, magnésio, zinco e vitaminas: ácido fólico, vitamina C, vitaminas B12, B1, B2 e vitamina D. Sendo assim, sempre deve-se observar os níveis destes nutrientes nos exames de sangue ou até mesmo sinais físicos de deficiência e, quando necessário, realizar a suplementação. 

Comumente, na SOP, as mulheres apresentam cansaço excessivo, menor vontade de realizar as atividades, sono e alteração na saúde dos vasos sanguíneos. Um estudo de 2021 (3), mostrou que a suplementação de coenzima Q10 por 8 semanas, ajudou na redução da inflamação corporal e na circulação. 

No tratamento da SOP, normalmente os médicos recomendam o uso do medicamento metformina para controle da glicemia e insulina. Porém, o mio-inositol tem demonstrado uma eficácia tão boa quanto a metformina no que se refere às alterações no organismo associadas à resistência à insulina. O inositol aumenta a sensibilidade à insulina, normaliza os níveis de testosterona livre no sangue e melhora a glicemia. Sendo assim, não pode faltar no tratamento de mulheres com SOP. 

Não se esqueça… 


Cuidar da nutrição do seu organismo e praticar atividade física são a base do tratamento para Síndrome do Ovário Policístico. Uma alimentação equilibrada com controle da quantidade e qualidade dos carboidratos ingeridos, inclusão de fibras e suplementação individualizada, são essenciais para contribuir para a regulação do ciclo menstrual e fertilidade.  

Referências 

  1. Fauser, B.C.J.M.; Tarlatzis, B.C.; Rebar, R.W.; Legro, R.S.; Balen, A.H.; Lobo, R.; Carmina, E.; Chang, J.; Yildiz, B.O.; Laven, J.S.E.; et al. Consensus on Women’s Health Aspects of Polycystic Ovary Syndrome (PCOS): The Amsterdam ESHRE/ASRM-Sponsored 3rd PCOS Consensus Workshop Group. Fertil. Steril. 2012, 97, 28–38.e25. 
  1. Szczuko, M.; Skowronek, M.; Zapałowska-Chwy´c, M.; Starczewski, A. Quantitative Assessment of Nutrition in Patients with Polycystic Ovary Syndrome (PCOS). Rocz. Panstw. Zakl. Hig. 2016, 67, 419–426. 
  1. Taghizadeh, S.; Izadi, A.; Shirazi, S.; Parizad, M.; Pourghassem Gargari, B. The Effect of Coenzyme Q10 Supplementation on Inflammatory and Endothelial Dysfunction Markers in Overweight/Obese Polycystic Ovary Syndrome Patients. Gynecol. Endocrinol. 2021, 37, 26–30.