Este artigo abordará a relação entre a endometriose e a adoção de uma dieta balanceada e um estilo de vida saudável. A endometriose é uma condição crônica que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, causando dor e desconforto.
Embora a endometriose seja uma doença complexa e multifatorial, estudos mostram que a alimentação e o estilo de vida podem desempenhar um papel significativo em ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas.
O que é e quais as causas da Endometriose?
Endometriose é a presença de tecido endometrial, ou seja, aquela camada de tecido que reveste o útero, fora do útero, como nos ovários, tubas uterinas ou na cavidade abdominal, causando problemas que vão desde dor crônica até infertilidade, com sério impacto no bem-estar mental e socioemocional da paciente.
Apenas no Brasil, estima-se que 1 a cada 10 mulheres, entre 6 e 8 milhões, sofram com os sintomas de endometriose, condição que afeta 10-15% de todas as mulheres em idade reprodutiva e 70% das mulheres com dor pélvica crônica.
Os principais sintomas incluem dor na menstruação, na evacuação e ao urinar. Pode haver também inchaço, fadiga crônica, problemas digestivos, sangramento entre as menstruações, cistite intersticial (inflamação crônica da bexiga) e infertilidade, que está presente em cerca de 40% das mulheres com endometriose.
A endometriose pode ser desencadeada por 7 principais fatores:
- Inflamação
- Estresse oxidativo
- Predominância estrogênica
- Disbiose intestinal
- Destoxificação prejudicada.
- Resistência à progesterona, hormônio que possui ação anti-proliferativa
- Fator genético.
Existem dados apontando também que a exposição a diferentes tipos de poluentes também pode desempenhar um papel no desenvolvimento da endometriose.
O diagnóstico preliminar de endometriose geralmente é feito com base na história clínica, uma vez que a maioria das mulheres apresenta resultados normais no exame físico.
Independente da origem das lesões de endometriose, a atuação do sistema imunológico tem grande influência no seu desenvolvimento, através da produção de citocinas inflamatórias e anticorpos que inflamam as lesões e promovem seu crescimento.
O consenso crescente é que a endometriose é causada por disfunção imunológica, e alguns pesquisadores chegaram a caracterizá-la como uma doença autoimune ou inflamatória, não uma condição apenas hormonal.
Dito isso, os hormônios também desempenham um papel, principalmente o estrogênio, que estimula o crescimento das lesões de endometriose, razão pela qual a abordagem convencional atua somente suprimindo o estrogênio, o que traz efeitos colaterais muito negativos. Outro tratamento convencional é a cirurgia, que não cura, mas que pode aliviar a dor e outros sintomas.
Atuar no controle da inflamação e da imunidade poder ser mais importante do que estratégias de bloqueio hormonal ou abordagens cirúrgicas.
Estratégias nutricionais para aliviar os sintomas da endometriose
Uma dieta saudável com alimentos e compostos anti-inflamatórios, como a de perfil mediterrâneo, rica em folhas, legumes, frutas, especiarias, peixes selvagens e azeite de oliva seria uma opção perfeita para mulheres com endometriose, sendo, sem dúvida, a parte mais importante do tratamento natural para a endometriose.
O aumento do consumo de fontes de ômega 3 como sardinha, tainha, pescadinha, pescada, abrótea, merluza, chia e linhaça e a redução de fontes de ômega 6 e de gorduras saturadas como carnes, lácteos e manteiga reduz o perfil inflamatório. A suplementação com ômega-3 pode favorecer a regressão do quadro.
O consumo adequado de fibras e boa hidratação também são essenciais para evitar a reabsorção de estrógenos.
Ainda em relação à alimentação, é prudente reduzir laticínios e glúten, pois são alimentos que podem causar ou agravar respostas inflamatórias em algumas pessoas menos tolerantes e em muitos casos a retirada desses alimentos da dieta resulta em melhoras nos sintomas.
Por outro lado, é importante evitar alimentos processados, ricos em gorduras saturadas e açúcares adicionados, que podem aumentar a inflamação.
Suplementos
No campo dos suplementos, a N-acetilcisteína (NAC) é promissora. Em um recente ensaio clínico, das 47 mulheres no grupo de tratamento com NAC, 24 cancelaram suas laparoscopias (retirada do útero) devido ao desaparecimento dos cistos de endometrioma, redução da dor ou gravidez.
O NAC é o precursor da glutationa, o principal antioxidante celular e um regulador imunológico do corpo, que reduz a inflamação.
Outros suplementos interessantes são a curcumina, que possui potente efeito antioxidante, anti-inflamatório e o cálcio d-glucarato (100 a 200mg ao dia) pode auxiliar por facilitar a retirada e eliminação do estrogênio.
Óleo de peixe (ômega-3), vitamina D, magnésio e diferentes tipos de antioxidantes também podem ser incluídos.
A importância de Estilo de vida saudável
A prática de exercícios físicos tem mostrado benefícios no controle da dor e no bem-estar geral em mulheres com endometriose. O exercício pode ajudar a liberar endorfinas, que atuam como analgésicos naturais, além de melhorar a circulação sanguínea e reduzir o estresse.
O Gerenciamento do estresse também é fundamental. O estresse crônico pode afetar negativamente o sistema imunológico e aumentar a inflamação, piorando os sintomas da endometriose. Portanto, é essencial adotar técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, ioga, práticas de respiração ou hobbies relaxantes.
Um sono de qualidade é mais um fator que deve ser priorizado. A privação do sono pode exacerbar os sintomas, aumentar o estresse, desregular o apetite e enfraquecer a imunidade. Deitar-se e levantar-se aproximadamente no mesmo horário (regularidade), expor-se ao sol de manhã, praticar atividades físicas durante o dia, evitar estimulantes como a cafeína após 14h e evitar telas e excesso de luz artificial de noite são algumas atitudes que favorecem uma boa noite de sono.
A importância do apoio médico e nutricional
É importante ressaltar que a endometriose é uma condição médica que requer acompanhamento de um profissional de saúde especializado.
A mudança na dieta e no estilo de vida não substitui o tratamento médico convencional, mas pode ser um complemento valioso para melhorar a qualidade de vida e reduzir os sintomas.
Conclusão
Embora a endometriose seja uma condição complexa, a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a incorporação de estratégias de estilo de vida adequadas podem contribuir para o alívio dos sintomas e melhorar a qualidade de vida das mulheres que vivem com essa condição.
A adoção de uma dieta anti-inflamatória, a prática regular de exercícios físicos, o gerenciamento do estresse são fatores fundamentais para ajudar no tratamento da endometriose, associados ao acompanhamento médico adequado.
Cada indivíduo é único, portanto, é essencial encontrar uma abordagem personalizada que funcione melhor para cada mulher com endometriose.