Ser mulher é estado de graça que se aperfeiçoa com o passar dos anos.
A cada fase, uma descoberta. A cada ciclo, uma necessidade: física, emocional e nutricional.
Do nascimento ao envelhecer. Da barriga ao gestar outra vida. Cada momento da vida da mulher é delineado por especificidades que exigem nutrientes específicos.
Na infância, o crescimento pede cálcio e vitamina D. É o desenvolvimento ósseo e muscular que recruta as substâncias para a formação de um esqueleto forte e saudável.
Com a chegada da adolescência, acompanhada pelo início da fase reprodutiva, são os ciclos menstruais que ditam os nutrientes imprescindíveis para a manutenção de um organismo saudável.
Transição marcada pelo aumento do consumo de ferro causado pela perda do mineral em decorrência do fluxo sanguíneo menstrual.
Menstruação
Na fase reprodutiva da mulher, que ocorre entre a primeira e a última menstruação, o corpo sente a variação dos níveis de estrogênio e progesterona.
O resultado é a alteração no endométrio (tecido que reveste a parte interna do útero) se preparando para uma possível gravidez.
Quando o óvulo não é fecundado, o endométrio descama, levando ao sangramento. Parte de um ciclo que se repete todo mês – processo dividido em três fases: folicular, antes da liberação do óvulo; ovulatória, liberação do óvulo e lútea, após a liberação do óvulo.
Segundo a nutricionista Alessandra Feltre, cada uma dessas fases tem uma demanda pontual de nutrientes.
Na fase folicular, em que há uma maior sensibilidade à insulina, a recomendação é investir na ingestão de carboidratos saudáveis como as frutas, raízes, tubérculos e grãos integrais.
Já na fase lútea a progesterona se eleva, fazendo com que a mulher use mais gordura como substrato energético. “Nessa fase, uma alimentação reduzida em carboidratos, com maior concentração de proteínas e gorduras boas pode auxiliar na regulação do apetite e manutenção da glicemia estável”, orienta.
Suplementação
Os suplementos podem ser aliados para manter o equilíbrio nutricional com o passar dos anos, além de desempenharem um papel reconfortante nos dias que antecedem a menstruação.
Alessandra Feltre explica que a tensão pré-menstrual provocada pela queda da serotonina e da melatonina faz com que surjam a compulsão por doces, a irritabilidade e a insônia.
Sintomas que, para a especialista, podem ser mitigados com a suplementação de compostos como o ácido gamo limo-lênico (GLA), triptofano, vitaminas B6 e B9 e minerais como o cálcio e o magnésio.
Já as cólicas, por sua vez, estão relacionadas ao aumento de substâncias inflamatórias.
“Para evitar o aumento dessas substâncias, o consumo adequado e regular de ômega 3 e de vitamina E, associada ao GLA, ajudam a diminuir a sensibilidade mamária”, detalha.
Efeito preventivo
A suplementação não é aliada apenas para amenizar os desconfortos trazidos pelo ciclo menstrual. Os compostos auxiliam também na prevenção e na diminuição de sintomas de condições clínicas ligadas ao sistema reprodutivo feminino, como a síndrome do ovário policístico, endometriose e câncer de mama.
Patologias comuns nos consultórios ginecológicos, as doenças exigem cuidados redobrados com a alimentação e mudanças no estilo de vida em busca de um cotidiano mais saudável.
No caso do ovário policístico, Alessandra cita a alimentação de baixa carga glicêmica, rica em fibras, como uma boa direção nutricional.
Além disso, a nutricionista destaca a existência de estudos que apontam a suplementação de nutrientes como mio-inositol, n-acetilcisteína, picolinato de cromo, ácido alfa lipóico, L-carnitina e ômega 3 como importantes compostos para reduzir os sintomas do ovário policístico.
No caso da endometriose, marcada por inflamação, estresse oxidativo e predominância estrogênica, a associação de fatores é passível de ser tratada com o uso de outros suplementos.
“Para reduzir a inflamação, o ômega 3, a curcumina, o resveratrol e o magnésio se destacam. Além dos nutrientes com maior potencial antioxidante como as vitaminas C e E, cisteína e coenzima Q10”, lista a nutricionista.
No caso da prevenção do câncer de mama, Alessandra indica a cúrcuma, o resveratrol e as sementes de linhaça.
Maturidade
Com o passar dos anos, a maturidade conduz a possíveis condições clínicas específicas da idade, como a osteoporose e osteopenia. Desgastes ósseos para os quais a suplementação se apresenta como opção de tratamento complementar.
Alessandra Feltre elencou algumas sugestões de nutrientes adequados para cada quadro:
Osteopenia – Cálcio, vitamina k2, vitamina D, magnésio, silício, manganês, cobre e zinco são importantíssimos para fortalecer o metabolismo dos ossos e músculos.
Saúde cerebral – Ingestão de ômega 3, vitaminas do complexo B e também a colina. Fosfatidilserina, cúrcuma e bacopa monnieri podem trazer benefícios adicionais para a melhora da função cognitiva.
Infecções – Extrato de cranberry, própolis e reposição de probióticos.
Doenças cardiovasculares – Os micronutrientes mais importantes são as vitaminas B2, B3, B9, zinco, ferro, magnésio, cálcio e aminoácidos arginina e citrulina que atuam na produção de óxido nítrico – que tem poder vasodilatador que auxilia na redução da pressão arterial.
No aspecto estético – e também funcional – a proteína é uma potente aliada para driblar os efeitos da sarcopenia, que consiste na perda de massa muscular – e na produção de colágeno, que mantém a elasticidade e o viço da pele. Paralelamente ao consumo de proteína na própria alimentação, cabe a suplementação de colágeno, vitamina C, biotina, silício e ácido hialurônico para dar um toque extra de elasticidade e hidratação à pele.
Um bê-a-bá de nutrientes que, olhando superficialmente, parece complexo, mas que se torna simples com a orientação de um profissional especializado.
Por isso, para atravessar cada fase da vida com maestria e leveza, a orientação é manter o acompanhamento médico, sempre atenta ao que pode ser implementado à rotina para viver melhor e com completude.