Transforme seu intestino num aliado para o emagrecimento

A ciência é categórica: o que você come não vai apenas para os pontos específicos do seu corpo em que os excessos alimentares se revelam quando extrapolam a quantidade de calorias diárias necessárias para viver.  

Os alimentos escolhidos para compor sua dieta determinam quais componentes da microbiota intestinal irão se fortalecer – e são eles, incluindo as bactérias, os responsáveis pela eficiência no processo de emagrecimento.  

Sim: as bactérias que moram no intestino têm papel fundamental na perda de peso saudável. 

Bactéria para quê? 


Enquanto no imaginário popular elas estão associadas às doenças, no intestino, as colônias de bactérias boas são sinônimo de saúde.  

“A integridade da mucosa intestinal e o equilíbrio das bactérias que o habitam são pré-requisito para a manutenção da vida saudável”, reforça a nutricionista Roberta Carbonari. 

Isso porque cabe às bactérias o papel de liberar as substâncias que interagem com os sistemas endócrino, imune e nervoso, estimulando a produção dos hormônios usados para regular as taxas de açúcar no sangue, o acúmulo de gordura e até o nível de fome – o que explica a ligação direta entre o intestino e o metabolismo. 

Manter o ecossistema intestinal equilibrado permite que outras estruturas desempenhem suas funções, como as células enteroendócrinas, indispensáveis no emagrecimento.  

“Elas atuam numa região do cérebro chamada núcleo arqueado, fazendo com que nós tenhamos uma menor vontade de comer, ou seja, diminuir aquela larica, aquela vontade por comer de forma compulsiva”, explica o nutricionista, mestre em Ciências dos Alimentos e referência em saúde intestinal, Murilo Pereira. 


Microbiota e obesidade 


A relação entre a saúde intestinal e o sobrepeso é tamanha que o assunto virou foco de pesquisas científicas.  

Uma revisão sistemática publicada na revista Nature mostrou o resultado da comparação entre a microbiota de obesos e pessoas classificadas como magras.  

Para chegar à conclusão, foram avaliados 32 trabalhos selecionados usando a Newcastle-Ottawa Quality Assessment Scale, que permitiu escolher os melhores estudos e, com base neles, mapear quais são as bactérias mais presentes do microbioma de quem tem sobrepeso e de quem está dentro do peso considerado adequado.  

Os dados permitiram concluir que indivíduos com obesidade têm uma microbiota intestinal – comprovadamente – diferente dos indivíduos magros, e que isso interfere no processo de emagrecimento.  

“Quando se avalia o índice de diversidade da microbiota do obeso com a microbiota do diabético e a microbiota do eutrófico (que apresenta boa nutrição, em termos médicos), nós temos diferenças significativas. Isso quer dizer o quê? Que aquele indivíduo que tem uma alteração metabólica, ele tem menos diversidade na microbiota, e se a diversidade é menor, talvez a resposta metabólica nele esteja em desequilíbrio”, detalha Murilo. 

Da estação  


Atingir o equilíbrio da saúde intestinal pode parecer um desafio e tanto, mas há um atalho indicado pelo especialista: as frutas, verduras e legumes da estação.  

Investir nos alimentos sazonais é o caminho certeiro para fortalecer as bactérias benéficas para a saúde.  

Segundo Murilo, a explicação está nos compostos fenólicos, fibras alimentares e quantidade de água presente no que é colhido na época própria determinada pela natureza. E as fibras estão entre os principais aliados do funcionamento intestinal adequado.  

Dicas de ouro  


O nutricionista listou três dicas para se alimentar pensando na saúde intestinal – e colhendo os frutos, sejam eles o emagrecimento saudável ou a manutenção de uma rotina plena.  

1 | Não comer por status social: “ A gente tem que refletir sobre o que vai fazer bem e sobre essa ascensão social por comer mais ultraprocessados. Isso é uma reflexão”. 

2 | Fazer compras semanais : “Se nós fizermos compras semanais e não mensais, nós não vamos atribuir toda a receita mensal em uma única compra e aí vai ser mais fácil comprar alimentos que são saudáveis”.   

3 | Não usar ultraprocessados, doces e refrigerantes como recompensa:  “Quando a gente usa uma ferramenta de dar algo que não é tão benéfico assim, o problema é o excesso a longo prazo. Quando a rotina é a educação de um bebê que fica dependente de uma recompensa, há uma troca por algo que não é tão benéfico quanto o que ele ia comer antes”. 


Bom lembrar  


A saúde do intestino é fundamental para o emagrecimento saudável.  

Ter uma microbiota intestinal equilibrada garante a melhor absorção dos nutrientes ingeridos.  

Para isso, o primeiro passo está na variedade dos alimentos ingeridos e no frescor da escolha.  

Frutas, verduras e legumes da estação são a melhor pedida, uma vez que tendem a ter menos agrotóxicos e maior concentração de água e fibras – essenciais para o bom funcionamento do intestino.  

Investir numa alimentação saudável não é tão desafiador quanto parece. E quem orienta é o nutricionista, mestre em Ciências dos Alimentos e referência em saúde intestinal, Murilo Pereira. 

Comece comendo o que você sabe que é saudável – e não aqueles alimentos que estão atrelados a um status social (como os ultraprocessados geralmente estão!); faça compras semanais para ter frutas, verduras e legumes frescos em casa e pare de usar doces, refrigerantes, frituras e afins como recompensa.  

São três passos simples para uma caminhada longa e promissora rumo ao emagrecimento e a uma vida mais saudável. 

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