A Importância do Sono na Prevenção do Envelhecimento Precoce

O envelhecimento precoce refere-se ao processo de envelhecimento que ocorre em um ritmo mais acelerado do que o considerado normal para a idade de uma pessoa. Isso pode afetar tanto a aparência física quanto a saúde em geral. 

Quando falamos de envelhecimento precoce, normalmente, as pessoas associam à pele, em que observamos a aceleração da formação de flacidez, rugas e manchas; porém, envelhecer mais rapidamente pode afetar o funcionamento do organismo como um todo. 

Causas do envelhecimento precoce 


O envelhecimento precoce é uma consequência dos hábitos de vida e fatores ambientais. Abaixo alguns fatores associados: 

  • Fatores Genéticos: A predisposição genética pode influenciar a rapidez com que uma pessoa envelhece; porém são necessários os fatores externos para que os genes associados ao envelhecimento sejam ativados. 

  • Exposição ao Sol: A radiação ultravioleta pode acelerar o envelhecimento da pele. Sabemos da importância do sol para síntese de vitamina D; porém a exposição excessiva pode causar danos e, aumentar também o risco de doenças como o câncer de pele. 

  • Estresse Oxidativo: Resultante do desequilíbrio entre os antioxidantes e os radicais livres no corpo. Neste sentido, uma alimentação rica em gorduras trans, saturadas, colesterol e substâncias químicas pode contribuir para acelerar o envelhecimento. 

  • Sedentarismo: a prática de exercício de maneira crônica contribui para imunidade e proteção das células do corpo. 

  • Estilo de Vida: Fatores como tabagismo e consumo excessivo de álcool geram inflamação e danos ao organismo, contribuindo para o envelhecimento precoce. 

  • Falta de sono: dormir bem é essencial para manter o equilíbrio do organismo. Estudos mostram que quanto menos você dormir, mais você envelhecerá. 

Privação de sono como fator para o envelhecimento precoce 


Em 2019, Matthew Walker, cientista e professor de neurociência, disse que “dormir é o seu superpoder”. Além disso, completou “dormir pouco pode acelerar a morte de uma pessoa”.  

Naturalmente, todos nós envelhecemos- é um processo natural da vida. Porém, dormir mal impulsiona o envelhecimento precoce, acelerando processos que normalmente aconteceriam mais lentamente. 

Um estudo realizado pela UCLA em 2015 com 29 idosos, com idade entre 61 e 85 anos, submetidos a um protocolo experimental de privação parcial de sono ao longo de quatro noites, mostrou que uma única noite sem dormir faz as células de um idoso envelhecerem mais rápido, ou seja, promovem o envelhecimento biológico.  Foi observada maior ativação de genes associados ao acúmulo crescente de danos que iniciam a parada do ciclo das células e aumentam a suscetibilidade ao envelhecimento.

Além disso, observou-se que a privação de sono pode estar associada a um risco elevado de doenças como esclerose múltipla, Alzheimer, problemas no coração, diabetes e câncer. 

O sono de má qualidade está associado ao envelhecimento precoce da pele, contribuindo para a aparição de linhas finas, pigmentação irregular e redução da elasticidade. Além disso, para reverter estes sinais, o tempo é mais longo, ou seja, a recuperação desses danos é lenta. 

Sono e sua relação com a síntese de colágeno 


O colágeno é uma das proteínas mais abundantes no organismo. Está associada a elasticidade da pele, unhas mais fortes e cabelos com mais brilho, além de sua importância para os músculos e articulações.

A perda de colágeno no corpo começa aos 30 anos de idade, e vai reduzindo ainda mais com o passar da idade. Se você dormir pouco, pode afetar diretamente esta produção, uma vez que existe uma ligação entre o ritmo circadiano e a síntese de proteínas, entre elas, o colágeno. 

Não podemos esquecer que o ritmo circadiano, ou mais popularmente conhecido como relógio biológico, é o que mantém o nosso corpo funcionando dentro de um cronograma, que inclui dormir bem. 

Maus hábitos de vida como alimentação rica em açúcares, sedentarismo, exposição excessiva ao sol sem proteção e o estresse favorecem a perda de colágeno. Quando estamos nervosos ocorre aumento dos níveis de cortisol, que interfere na síntese de melatonina- hormônio do sono. Assim, se menos horas de sono, menor produção de colágeno e envelhecimento da pele. 

Sintomas do envelhecimento precoce 

  • Rugas e Linhas Finas: principalmente no rosto ao redor dos olhos e boca. 

  • Perda de Elasticidade da Pele: a pele do rosto, braços e pernas pode parecer mais flácida. 

  • Manchas e Descoloração: a pigmentação se torna irregular, ficando mais visível o aparecimento de manchas. Locais expostos ao sol são mais propícios. 

  • Redução da Densidade Óssea: os ossos se tornam mais fracos e propensos a fraturas. 

  • Perda da força: com o envelhecimento, ocorre redução da massa muscular e, consequentemente da força. Diante disso, a prática de exercícios físicos e adequado consumo de proteínas são essenciais. 

  • Níveis de testosterona: homens que dormem menos de 5 horas por noite, podem apresentar uma redução de 10 a 15% nas taxas do hormônio; ao contrário do que normalmente é esperado com o envelhecimento- 1 e 2% por ano.    

  • Problemas de Saúde: doenças cardíacas, diabetes e doenças neurológicas como o Alzheimer, podem surgir mais cedo do que o esperado. 

Privação do sono e envelhecimento da mente 


A privação do sono pode gerar alterações na estrutura cerebral, contribuindo para prejuízos associados à memória e aprendizado, redução da atenção, alterações de humor e risco de desenvolver doenças como Alzheimer e esclerose múltipla. 

Um estudo da Fundação Pasqual Maragall, especializada na pesquisa da doença de Alzheimer, realizada com 1.683 pessoas saudáveis, sendo 615 delas com insônia, mostrou que pessoas que sofrem de insônia, apresentam mudanças na estrutura cerebral também encontradas nos estágios iniciais da doença. Estes participantes com distúrbios do sono, tinham volume menor de regiões cerebrais associadas a memória e desempenho, áreas que acumulam danos na doença neurodegenerativa. 

Outro resultado bastante interessante foram as mudanças na substância branca do cérebro, local onde estão os axônios, os “fios” que conectam os neurônios com outros e, assim, ocorre a transmissão de informações. Diante disso, ao observar essas alterações, os estudiosos sugerem que possivelmente ocorra uma maior inflamação associada à privação do sono, e consequentemente, que afeta a cognição. 

Será possível reverter o envelhecimento precoce? 


Embora não seja possível reverter completamente o envelhecimento, algumas medidas podem desacelerar o processo, como adotar um estilo de vida saudável, cuidados com a pele, e em alguns casos, procedimentos estéticos. 

A inclusão de alimentos fonte de antioxidantes é essencial! Nutrientes como vitamina C, vitamina E, vitamina A, selênio, zinco, isoflavonas e resveratrol, por exemplo, encontrados em um prato colorido composto de verduras, legumes, frutas e sementes, por exemplo, ajudam a retardar o envelhecimento. 

A prática frequente de atividade física contribui para a saúde das células e do organismo como um todo. Não podemos esquecer que o exercício realizado de maneira esporádica ou extremamente intenso, pode aumentar o risco de danos às células e, assim, propiciar o envelhecimento precoce. Os cuidados com a pele, especialmente o uso de protetor solar e hidratação, são hábitos importantes e que devem fazer parte da sua rotina diária. 

Por último, e extremamente importante, não deixe de dormir bem. Um sono reparador contribuirá para manutenção do equilíbrio do organismo, da pele, cérebro e libido. 

Sendo assim… 


Bons hábitos de vida propiciarão mais saúde às suas células. Neste sentido, dormir bem é a base para evitar o envelhecimento precoce, pois como vimos, a privação de sono pode trazer muitos malefícios ao organismo. 

Referências Bibliográficas 


1. American Academy of Sleep Medicine. “Partial sleep deprivation linked to biological aging in older adults.” ScienceDaily. ScienceDaily, 10 June 2015. <www.sciencedaily.com/releases/2015/06/150610131728.htm>. 

2. Burris, T.P. Clock regulation of protein secretion. Nat Cell Biol 22, 1–3 (2020). https://doi.org/10.1038/s41556-019-0449-4.