“Aproveita pra dormir enquanto o bebê não nasce”. O conselho ouvido por 10 em 10 grávidas é um prenúncio da mudança de rotina que está por vir: bebês recém-nascidos não dormem noites inteiras – não porque não queiram, mas porque ainda não têm um padrão de sono e vigília estabelecido.
A adaptação do sono do bebê ao ciclo circadiano se dá aos poucos e especialistas recomendam não criar expectativas. Isso porque os três primeiros meses de vida, considerados como a exterogestação, são vistos como fundamentais para a maturação de processos fisiológicos.
A teoria criada pelo antropólogo inglês Ashley Montagu sugere que os primeiros 100 dias de vida seriam uma extensão do desenvolvimento que começou no ventre da mãe – o equivalente ao quarto trimestre da gestação, só que do lado de fora da barriga.
Por isso, uma das formas de acalmar, fortalecer o vínculo entre mãe e bebê e garantir a manutenção das sonecas diurnas de qualidade é investir em dispositivos como o sling, que recria o ambiente intrauterino ao mesmo tempo em que dá mais autonomia de movimento à mulher, que fica com as mãos livres.
O balanço do caminhar, as batidas do coração e o calor do corpo da mãe ajudam a tranquilizar e trazer aconchego para que o bebê consiga, de fato, relaxar.
Sono noturno
Embora recém-nascidos tenham potencial para dormir até 17 horas por dia, é à noite que os despertares preocupam os pais. A raiz do acordar, nessa fase da vida, está ligada ao ajuste da produção do hormônio do sono – a melatonina.
O cérebro do bebê ainda está tentando compreender o conceito de dia e noite.
Somado a esse fato, vem a fome. Ainda aprendendo a mamar, a criança não tem capacidade – nem espaço no estômago – para ingerir grandes quantidades de leite.
Considerando que o leite materno é fácil e rapidamente digerido, é mais que esperado que os despertares entre as mamadas ocorram com um intervalo de 3 horas.
Regra do 3
Três horas, três meses, três dicas para ajudar a criança a ajustar o sono.
Se o bebê tende a acordar de três em três horas e leva, em média, três meses para começar a ajustar o ciclo circadiano, há – pelo menos – três formas de os pais trabalharem paralelamente à natureza para criar um ambiente propício para que o sono do bebê seja reparador e de qualidade.
1| Rotina
O ideal é que, desde a chegada do bebê, a casa tenha uma rotina saudável.
Por exemplo, às 8h a “casa” acorda. As cortinas são abertas, a luz entra nos ambientes, os barulhos surgem com os afazeres – que não são evitados para não acordar o bebê. Já no fim da tarde, quem ganha espaço é a luz amarela, o cessar dos barulhos e vem a hora do banho do bebê, sempre no mesmo horário.
Dessa forma, a criança começa a internalizar o ritual do sono, em que a previsibilidade das ações a ajuda a compreender que chegou a hora de dormir.
2| Sonecas
Evitar que o bebê durma durante o dia na esperança de que ele durma melhor à noite é um dos maiores erros cometidos na tentativa de melhorar o sono do bebê.
Isso porque o acúmulo de cortisol proveniente das horas sem dormir faz com que, à noite, o bebê fique ainda mais agitado, causando o efeito “vulcânico”, traduzido em choro, irritação e dificuldade em pegar no sono.
As sonecas são extremamente importantes, caso contrário, o corpo entende que não vai dormir e, de noite, o sono do bebê acaba não sendo eficiente.
3| Afeto e compreensão
Aprender a dormir é um processo complexo que depende da criação de conexões. O desenvolvimento do sono do bebê não é um “treinamento” com um método, é um processo biológico natural, não pode ser forçado. Deixar o bebê sozinho chorando não irá ajudar em nada, pelo contrário, irá criar traumas desnecessários. Somos mamíferos e que os filhotes precisam da presença da mãe (ou do pai ou cuidador) para se sentirem amparados e relaxados. Presença não significa, necessariamente, amamentar ou ninar. Ao invés de ninar, você pode ficar com a criança no colo. Depois, passa a contar uma história ou cantar uma música. É possível mudar e diminuir o tipo de estímulo para que seja evolutivo.
E, sobretudo, manter o olhar compreensivo sobre o processo. Entender as fases e que, com elas, vêm necessidades diferentes. O bebê que hoje acorda às 6h é o adolescente que vai querer acordar às 11h. E tudo passa!
Enquanto não passa, a construção dessa rotina garante as melhores chances para que o sono do bebê seja reparador e de qualidade e também o de toda a família – dentro do possível nesta fase conturbada. Além disso, favorece o desenvolvimento saudável em todos os aspectos, inclusive psicológico.
Conclusão
Ajustar o sono do bebê recém-nascido pode parecer uma missão impossível – porque, de fato, é.
O começo da vida é marcado pelo ajuste de uma série de sistemas, entre eles, o responsável pela secreção da melatonina, o hormônio do sono.
Paralelamente a isso, o aprendizado da alimentação e a fácil digestibilidade do leite materno fazem com que o bebê acorde, com fome, para se alimentar num intervalo esperado de 3 horas.
Especialistas afirmam que o cérebro do bebê leva, em média, três meses para começar a distinguir o dia da noite.
A manutenção de uma rotina de exposição à luz solar somada a outros fatores que ajudem o bebê a associar os períodos de sono e vigília são fundamentais para a construção do sono do bebê.
Noites bem-dormidas são o resultado de dias bem aproveitados, com sonecas, brincadeiras e muito afeto.