450 anos antes de Cristo, Hipócrates – o pai da Medicina – já defendia o que a ciência segue reiterando, 2023 anos d.C.: o exercício físico é um dos pilares da longevidade.
A relação entre a atividade física diária e o tempo a mais vivido é fundamentada na comprovação científica dos benefícios que reverberam por todo o corpo, se estendendo por sistemas fundamentais para a manutenção das saúdes física e mental.
Segundo uma metanálise publicada recentemente no British Journal of Sports Medicine, ter uma vida ativa, que inclui a prática diária de exercícios físicos de intensidade moderada a vigorosa, diminui em até 30% as chances de morte por doenças cardiovasculares e câncer.
Motivo pelo qual profissionais de diversas especialidades, ao associar a longevidade à prática de atividades físicas, adicionam caminhadas, corridas, pedaladas e/ou idas para a academia à prescrição médica.
No caso do endocrinologista Antônio Carlos Minuzzi, os exercícios são prescritos, em consultório, como remédio – descrito por ele como imprescindível, barato e sem efeitos colaterais.
“Quando nós nos exercitamos, o músculo joga na corrente circulatória mais de três mil substâncias que funcionam, entre aspas, como remédio”, detalha.
Em contrapartida, o sedentarismo causa a sensação de cansaço e fadiga ao menor esforço. Isso ocorre porque a falta de movimentação causa o encurtamento dos telômeros, estruturas que ficam na ponta dos cromossomos, responsáveis por proteger o material genético.
Telômeros maiores são associados a um bom funcionamento do sistema imunológico e, consequentemente, à ação das células que diminuem as chances de as doenças se instalarem de forma crônica.
Minuzzi destaca que o exercício físico tem a propriedade de aumentar o comprimento do telômero e, com isso, gerar mais saúde para o indivíduo.
E a genética?
Ser filho de pais sedentários ou neto de avós que nunca praticaram exercício físico não é desculpa para atribuir à genética a falta de apreço pelos exercícios ou para a tendência a ter hábitos pouco saudáveis.
“Quem comanda o nosso corpo são reações químicas e reações elétricas”, afirma, categórico, o especialista.
E uma das reações causadas pelo movimento no corpo humano beneficia outro pilar essencial para a manutenção de uma vida física ativa: a alimentação. A explicação está no efeito que a prática de qualquer modalidade tem no cérebro, induzindo a liberação das orexinas – pequenas proteínas produzidas pelas células nervosas no hipotálamo.
Esses hormônios impactam diretamente na qualidade do sono (por meio da relação com o estado sono/vigília) e na sensação de saciedade, uma vez que interagem com outras substâncias ligadas à regulação da fome, como a grelina (indutora da fome) e leptina (sinalizadora da saciedade).
“Exercite-se, pois o exercício vai fazer com que o seu corpo volte a produzir essa substância chamada orexina, gerando fome… pela atividade física!”, recomenda.
Alimentação
Falando em fome, a saúde muscular depende diretamente dos alimentos consumidos para a construção de músculos fortalecidos. Essa estimulação para construção muscular é um processo ativo que requer constantes estímulos – nesse contexto, a nutrição se apresenta como um estímulo anabólico.
A proteína é protagonista nesse quesito ao fornecer os aminoácidos que tanto compõem os músculos, em si, como sinalizam e estimulam o crescimento muscular.
Mas, não basta ingerir. É preciso ter certeza de que o nutriente está sendo digerido adequadamente e o motivo é simples: após o consumo da proteína ocorre a síntese proteica muscular pós-prandial – responsável por desencadear o processo de crescimento muscular.
Antes de optar por uma ou outra linha alimentar, a nutricionista Alessandra Feltre lembra: esteja atento à sua individualidade.
“É fundamental entender se os alimentos são saudáveis para nós e se adequam às nossas necessidades individuais”, orienta.
Reforçando que as proteínas de origem não-animal precisam ser consumidas em quantidades superiores para atingirem o mesmo grau de eficácia que as proteínas de origem animal ou o Whey Protein, por exemplo.
Para refletir
O endocrinologista Antônio Carlos Minuzzi compartilhou a própria história ao revelar que a adoção do estilo de vida saudável, no caso dele, foi motivada por uma visão do futuro.
Certo de que não queria ser o pai que vira fica dependente dos filhos, o médico optou por uma rotina que inclui aquilo que ele prega e incentiva os pacientes a fazerem: atividade física, somada aos demais pilares propostos pela Medicina do Estilo de Vida.
E sugere a reflexão: “Como é que será a minha vida quando eu tiver 70 anos? Será que eu vou ter força para carregar uma mala? Será que eu terei força para carregar um neto? Será que eu terei força para carregar a sacola do supermercado? Será que eu serei fisicamente independente?”
Reflexão válida para repensar prioridades e alinhar os hábitos para a construção do estilo da vida que você deseja ter quando chegar à idade que refletirá as consequências das escolhas acumuladas desde que você nasceu até os anos que já tem hoje.