Saúde muscular e longevidade: confira a importância do estilo de vida ativo

Faça um exercício: jogue no campo de pesquisa do seu buscador a expressão pessoa-musculosa. Vá na aba de imagens, veja o resultado, volte para essa aba aqui e reflita: é essa a figura que veio à sua mente assim que escreveu a palavra musculoso? 

Em algum momento você cogitou substituir o termo sugerido pela combinação de palavras saúde-muscular? Caso sim, avance três parágrafos. Caso não, vá para o parágrafo seguinte. 

Enquanto no imaginário popular os músculos são ligados a um determinado estereótipo, na anatomia eles representam quase 50% do peso corporal. 

Cada ser humano tem mais de seiscentos músculos que, junto com ossos e articulações, estabilizam, sustentam e permitem a realização dos movimentos externos, como caminhar, correr, dançar, mas também internos, – como respirar – auxiliando também em processos como a digestão e a circulação sanguínea.  

Deixe de lado por alguns segundos a ideia da separação feita nos treinos da academia – inferiores/superiores/abdominal – e vá além: o coração é um músculo, com movimentos involuntários, porém passíveis de serem exercitados.  

E esse é o verbo: exercitar. Para manter a saúde muscular – e cardíaca – em dia, é preciso voltar uma casa – ou nesse caso, um parágrafo – e investir, sim, no treino da academia, que, fosse figura de linguagem, seria metonímia, ou, a parte pelo todo, no sentido de que o que realmente importa é o movimento, desde que ele seja cadenciado, contínuo, constante e parte de um estilo de vida ativo. 

Se os exercícios oferecerem resistência, como são chamados os treinamentos resistidos, feitos com peso, melhor ainda. Isso porque as microlesões causadas nos músculos, que resultam no ganho de massa magra, provocam o fortalecimento do sistema imunológico – estimulado a trabalhar em doses homeopáticas para a reparação celular.   

Segundo a nutricionista Andrea Naves, os exercícios físicos têm o potencial de inibir o desequilíbrio metabólico, reduzindo o risco de desenvolver diabetes, hipertensão, estresse oxidativo e inflamação.  

“Quando sou uma pessoa ativa eu consigo melhorar toda a minha saúde metabólica de uma maneira que não só envelheço com saúde, mas acrescento alguns anos a mais se eu tiver um comportamento mais ativo e menos sedentário”, explica.  

Saúde muscular x vida ativa 


A explicação para conectar a longevidade à saúde muscular vem dos dados da Organização Mundial da Saúde.  

De acordo com o levantamento da OMS, a maior causa de morte em todos os países são as doenças cardiovasculares, evitáveis por meio de um estilo de vida ativo.  

É fácil entender o porquê: as atividades físicas exigem do coração a produção de hormônios, a regulação das frequências cardíaca e da pressão arterial que envolvem a resposta adaptativa que conferem saúde ao corpo como um todo.  

Mas, não apenas. Andrea Naves destaca ainda outros benefícios da saúde muscular, que têm um recorte mais técnico:  

  • aumenta a função da célula beta-pancreática, que sintetiza e secreta a insulina – responsável pela regulação dos níveis de açúcar no sangue; 
  • trabalha o músculo cardíaco, reduzindo a pressão arterial; 
  • melhora do fitness/consumo máximo de oxigênio; 
  • mobiliza e reduz a gordura;  
  • melhora massa muscular;  
  • favorece a biogênese mitocondrial (capacidade de produzir energia através da mitocôndria). 

“Quando a pessoa é sedentária ela não consegue mobilizar a gordura como fonte de energia. Quem consegue mobilizar é a atividade física, que contrai o músculo esquelético, mobilizando a intramuscular e depois a externa”, complementa.

 

Embora seja nutricionista, Andrea destaca que a alimentação saudável, sozinha, não consegue fazer o papel de modular o perfil cardiorrespiratório, que é o maior fator de risco de mortalidade. Por isso, o exercício físico se faz essencial na equação da longevidade com saúde.  

Exercinas


Para avançar mais uma casa na compreensão sobre o estilo de vida ativo para a saúde muscular, a especialista conta que durante a atividade física, o corpo trabalha a todo vapor na produção de uma série de substâncias, entre elas: 

  • Interleucina-6, que, quando produzida pelo músculo esquelético, tem efeito anti-inflamatório, mobilizando gordura, reduzindo inflamação, evitando atrofia muscular e equilibrando o metabolismo;  
  • Irisina – que regula o metabolismo da insulina, melhora massa muscular, estimula hipertrofia e ajuda na mobilização de gordura; 
  • BDNF – uma neurotrofina que age nos neurônios e melhora a memória e performance cognitiva.  

Pincelada técnica que reforça o combo de benefícios desse jogo em que a finalidade, muito mais que estética, está ligada a seguir avançado as casas dos anos, rumo a uma velhice cheia de disposição e saúde.  

“Independentemente do acúmulo de gordura, se o indivíduo tem melhor condicionamento cardiorrespiratório ele tem o menor risco de doenças cardiovasculares e, consequentemente, demais doenças”, finaliza. 

 

Bom lembrar  


A saúde muscular está diretamente ligada à saúde como um todo.  

Exercitar os músculos e mantê-los em constante movimento é uma das formas de manter as doenças distantes, inclusive as cardiovasculares, apontadas pela OMS como a principal causa de mortes em todo o mundo.  

Para manter um estilo de vida ativo que beneficie a saúde muscular, algumas sugestões são implementar uma rotina que inclua treinos de resistência, como levantamento de peso, ioga ou pilates; manter uma alimentação equilibrada, investindo no consumo de proteínas, fundamentais para o crescimento e reparação muscular e descansar, já que a recuperação muscular depende do sono noturno – preferencialmente de 7 a 9 horas por noite.