Do prato à pele: como o melasma reflete a alimentação 

Nem só de bochechas queimadas e pele descascando se faz o excesso de sol.  

A exposição exagerada aos raios solares pode ter efeitos mais duradouros do que a marca do biquíni fora do lugar ou do protetor solar mal aplicado – principalmente nas mulheres. 

 

É que o melasma, nome dado às manchas amarronzadas que acometem, em especial, a região da face, tem maior prevalência no público feminino.  

Dados recentes da Associação Brasileira de Dermatologia (SBD) mostram uma estimativa de que 15 a 35% das mulheres, no Brasil, têm melasma. 

O país está muito acima da média global. Segundo estudos, enquanto em outras nações a proporção é de um homem e dezenove mulheres que desenvolvem a hiperpigmentação, aqui a escala é de um homem e trinta e nove mulheres.  

Entra nesse cálculo a vasta possibilidade de exposição ao sol, beneficiada pelo clima tropical.  

Mas, a explicação para o desenvolvimento do melasma é múltipla, embora esteja ligada – na maior parte dos casos – a disfunções hormonais, potencializadas pela gravidez e uso de anticoncepcionais orais.  

Tanto que o surgimento das manchas tende a ocorrer durante a vida fértil da mulher, que vai da primeira menstruação até a menopausa. 

A predisposição genética também tem lugar na lista de possíveis causas para as manchas permanentes.  

Luz azul 


Além do sol, a luz azul das lâmpadas e telas da televisão, computador e celular se soma aos agravantes para quem já tem uma propensão a desenvolver o melasma.  

De acordo com a nutricionista funcional integrativa, com formação em saúde da mulher, Aline Guerra, a luz artificial interfere na melanogênese, estimulando a pigmentação – processo que é iniciado na retina e que resulta no excesso de produção de melanina, que piora as manchas. 

“A luz azul também reduz muito a hidratação da nossa pele e com isso a gente vai ter redução no transporte de água e de glicerol, que interfere demais na diferenciação dos queratinócitos e, como consequência, nós temos uma pele mais enrugada, envelhecida, desidratada e oxidada”, explica Aline.  

A especialista frisa ainda que essas luzes à noite pioram a produção de melatonina – um potente antioxidante com função de auxiliar no sono e reduzir o envelhecimento da pele. 

O melasma  


O tratamento do melasma funciona “de dentro pra fora” porque é desta forma que surgem as manchas.  

Resumidamente, a pele tem várias camadas e, entre a derme e epiderme, estão células chamadas melanócitos, responsáveis pela produção da melanina, presentes também na íris do olho, no ouvido e outros tecidos.   

Quando a produção da melanina está alterada, o corpo apresenta sinais como o melanoma, melasma, olheira e sardas.  

“A pele é um reflexo de como está a nossa saúde como um todo, principalmente a saúde intestinal”, explica Aline.

Alimentação 



Promover o equilíbrio do organismo por meio da alimentação é fundamental.  

Para isso, a recomendação da especialista está em investir num cardápio rico em fitoquímicos, que são os compostos que as plantas usam para se defender das pragas.  

“Os alimentos orgânicos sempre vão ter mais desses compostos, já que os agrotóxicos acabam fazendo essa defesa pela planta e esses alimentos também auxiliam muito na fixação, aumentando a glutationa, que é um potente antioxidante que protege a nossa pele”, explica.  

Motivo pelo qual, segundo Aline Guerra, a alimentação farta com frutas, verduras e vegetais auxilia muito na melhora do fotoenvelhecimento. 

Opções ricas em vitamina C, como o caju, acerola e goiaba são uma boa pedida, ao lado de frutas vermelhas e roxas, como a amora, excelentes fontes de antocianina – pigmento que inibe a síntese da melatonina, diminuindo os riscos do surgimento de manchas.  

Suplementação  


Num tratamento multifatorial, a suplementação é aliada no combate às manchas. Para Aline Guerra, o ideal seria investir nos seguintes itens: 

Betacaroteno: utilizar de 10 a 12 miligramas por dia durante, pelo menos, 10 semanas. Produz resultado eficaz na nossa pele ao evitar o dano do sol, o estresse oxidativo da pele.  

Licopeno: auxilia na melhora da pigmentação da pele – um grande aliado para evitar o melasma. 

NAC | N-acetilcisteína:  600 miligramas por dia para melhorar a hidratação da pele, aumentar a síntese da matriz celular e auxiliar na renovação celular, protegendo a pele de danos causados pela radiação ultravioleta – o que evita a formação de espécies reativas de oxigênio, tida como a causa do envelhecimento. 

Probióticos e fibras | “O melasma também tem uma consequência de um desequilíbrio da nossa microbiota e um bom consumo de água é fundamental para a gente poder melhorar toda a nossa saúde”, pontua. 

Cardápio  


Na escolha do cardápio, a dica é optar pelo estilo mediterrâneo, com carboidratos de baixo índice glicêmico, como o arroz negro, arroz vermelho, quinoa e amaranto.  

Já em termos de vegetais e verduras, a moranga, a cenoura, o chuchu e a abobrinha devem estar sempre presentes.  

“Quanto mais colorido for o seu prato, mais saúde você vai ter. Coloque também proteínas, invista no bom consumo de gorduras boas, um bom azeite de oliva, nozes, amêndoas, avelã, coco. E lembre sempre do exercício físico e do bom sono de qualidade, porque a pele também precisa se renovar”, aconselha. 

Bom lembrar 


Uma pele sem manchas também passa pelo prato.  

A alimentação rica em fitoquímicos é aliada na manutenção da pele saudável.  

Se tiver que escolher, opte pela dieta mediterrânea, focada em carboidratos de baixo índice glicêmico. Invista também em frutas ricas em vitamina C e em antocianinas.  

Suplementação de betacaroteno, licopeno, N-acetilcisteína e probióticos também são indicados para fortalecer a linha de frente do combate ao melasma.  

Um combo multifatorial que garante a manutenção da pele saudável e que reverbera por todo o organismo.  

“Quando a gente fala uma alimentação anti-inflamatória, um estilo mais mediterrâneo, além de auxiliar na melhora do melasma, ajuda na saúde intestinal, ajuda a reduzir a inflamação e ajuda na saúde emocional e neurológica. O nosso corpo é maravilhoso, é tudo conectado e quando a gente consegue ver que o melasma está melhorando, está amenizando, é porque a tua saúde está melhorando como um todo”, finaliza a nutricionista funcional integrativa, com formação em saúde da mulher, Aline Guerra.