​​​Vida multifunções: a causa invisível do seu estresse​​ 

24 horas parecem não ser suficientes.  

Você se organiza, planeja, cria uma lista de prioridades por ordem de urgência.  

Pontua, elenca, executa, mas os itens dificilmente são zerados. 

 

A to-do list indicada por 10 em 10 especialistas como uma forma de otimizar a agenda esbarra numa questão conceitual: ela não costuma incluir as funções invisíveis do dia a dia.  

​​​Atividades camufladas​​


A resposta ao e-mail inesperado, a ligação infinita para resolver o contratempo com o boleto que chegou depois do prazo de vencimento, o encanador para sanar o vazamento do box do banheiro, a compra do presente do dia das crianças.  

Sobram exemplos de atividades que driblam o cronograma oficial e preenchem os minutos tão disputados ao enumerar os afazeres do dia.  

A mesma lista que até pode incluir o item “ir ao mercado” não costuma contabilizar a organização do porta-malas nem o tempo para guardar as compras ao chegar em casa.  

Se você tem filhos sabe bem que o tempo estimado para cada tarefa exige flexibilidade, com uma margem de acréscimo para cima e para cima. Raramente alguma tarefa demora menos do que o imaginado.  

E são esses minutos gastos (ou investidos!) com os itens que nunca entram na lista principal que se acumulam numa listagem paralela que só é escrita mentalmente e que não é contabilizada nos checks no fim do dia.  

Despercebidos aos olhos da produtividade, os afazeres invisíveis são os responsáveis pelo cansaço extra – físico e mental. E a eles é atribuída a conta do estresse.  

​​​Experimente!​​ 


Se você leu esse artigo até aqui e achou o tom levemente exagerado, a médica psiquiatra Laís César sugere ​um​​​ teste simples.

– Separe um tempinho e escreva num bloco de notas, numa folha ou em qualquer lugar, os papéis que você desempenha na vida ao longo das 24 horas do seu dia. Escreva! Não vale só pensar. É importante visualizar;  

​​- Agora, escreva os papéis que você gostaria de desempenhar e por algum motivo não chegou lá. “A lista cresce rápido, né? Mas ainda vai aumentar”, avisa;​​​ 

– Escreva também os papéis que você desempenha ou já desempenhou e não gostaria mais de desempenhar. Esses podem ser de caneta vermelha, grifado, da forma que você preferir sinalizar.  

– Passe um tempo visualizando essa lista.  

Cansou? Essa é uma reação comum. Enxergar o que, até então, era realizado no modo automático causa espanto.  

“Na correria, nos esquecemos das inúmeras responsabilidades e demandas das nossas vidas. Quando abrimos nossa agenda, geralmente, está apenas o trabalho. Se você for comparar essa lista com o que você organiza, a lista não vai fechar”, explica a especialista.  

A recomendação de Laís é olhar com atenção para a lista todas as vezes em que se sentir esgotado ou improdutivo. O exercício ajuda também a balizar a escolha das atividades que vão para a agenda oficial.  

“Cria consciência de que num só somos tantos é o primeiro grande passo para a calma voltar a nos encontrar com mais frequência”, conclui. 

Bom lembrar ​​ 


O estresse e a sobrecarga mental nem sempre estão associados, direta e unicamente, às principais funções desempenhadas no cotidiano.  

Para além do trabalho, há uma série de atividades essenciais que ficam invisíveis nas listas de afazeres que pautam o dia.  

São elas que levam à sobrecarga, uma vez que extrapolam o planejamento inicial para as 24 horas seguintes.  

Olhar para todas as funções com atenção é o primeiro passo para, primeiramente, ressignificar o cansaço, assumindo a produtividade mascarada na correria e, num segundo momento, permitir organizar a sua rotina de forma realista – com uma divisão de tarefas que permita, de fato, encontrar momentos de calma.  

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