Saiba o que é a síndrome metabólica e como o Ômega 3 interfere nela

Mais de 2.500 anos atrás, na Grécia Antiga, Hipócrates cravou a Medicina no campo da ciência.  

É helênica também a origem de uma das palavras mais usadas para definir quadros clínicos abrangentes: as síndromes.  

Da palavra syndromé, o termo se refere a um conjunto de sintomas que sinalizam algum desequilíbrio no organismo.  

Quando seguida da palavra “metabólica”, a expressão médica vira um conjunto de conjuntos – já que o metabolismo nada mais é do que a combinação de transformações que as substâncias químicas sofrem no organismo.  

Se a explicação ainda parece muito abstrata para as mentes leigas, na prática, a síndrome metabólica se manifesta como pressão alta, gordura acumulada na região abdominal e níveis altos de colesterol e de açúcar no sangue.  

“A resistência à insulina – a baixa tolerância à glicose – é o principal sinal da síndrome metabólica”, explica o nutricionista Marcelo Carvalho.  

O desdobramento é o risco elevado de desenvolver diabetes, doenças cardíacas e ter um acidente vascular cerebral.  

Ômega 3 


A gordura insaturada encontrada em peixes que vivem em águas frias surge como aliada na regulação de um dos principais pontos de desequilíbrio: o perfil lipídico.  

O Ômega 3 ajuda a modular os níveis de colesterol e, paralelamente, reduz o processo inflamatório no tecido adiposo.  

Como não é produzido pelo próprio organismo, uma das formas de garantir a manutenção dos níveis desse ácido graxo é através da alimentação. Além dos peixes gordurosos de águas frias, a linhaça, a chia e as castanhas são boas fontes de gordura saudável.  

No entanto, Marcelo atenta para a necessidade da ação de algumas enzimas catalisadoras para a transformação dos alimentos em Ômega 3 – estruturas que geralmente são impactadas pelo processo inflamatório pelo qual passa o paciente com síndrome metabólica.

  

Por isso, em muitos casos, a suplementação se apresenta como a melhor estratégia para auxiliar na recuperação dos níveis de colesterol.  

“A inflamação impacta negativamente nessas enzimas que pegam esse ácido (presente nos alimentos) e transformam em EPA e DHA (dois dos quatro tipos de Ômega 3). Por isso, muitas vezes, precisamos recorrer ao consumo do produto final ou usar a suplementação”, detalha.  

Monoterapia  


Apesar de reconhecer o potencial dos suplementos nesse tratamento, o especialista alerta para ineficácia do que classifica como monoterapia – que consiste na adoção de apenas uma medida, sem a mudança de hábitos prejudiciais à saúde.  

“Você compra um bom Ômega 3, mas não procura adequar hábitos como reduzir consumo de bebidas alcoólicas, o sono adequado, excesso de óleos refinados na dieta, o sedentarismo, o excesso de carboidratos refinados, então você parte para uma monoterapia e a eficiência dessa terapia acaba ficando muito aquém do esperado. É importante olhar para o contexto macro”, orienta.  

Cabem, nesse guarda-chuva macro, os pilares da Medicina de Estilo de Vida, que incluem a alimentação saudável, o sono regenerador, a atividade física diária, o gerenciamento do estresse, o controle de tóxicos (bebida e cigarro) e a manutenção de bons relacionamentos.  

Efeito global 


Embora no caso da síndrome metabólica o protagonismo seja a modulação dos níveis de colesterol, o Ômega 3 tem efeitos positivos comprovados em outras funções do organismo.  

Marcelo Carvalho destaca o uso do DHA na prevenção da degeneração mental, potencializando a atividade cognitiva, por se tratar de parte integrante de uma membrana da estrutura do cérebro.  

Uma revisão sistemática evidenciou os efeitos dos ácidos graxos na melhora da aprendizagem, na capacidade da memória, no bem-estar cognitivo e no fluxo sanguíneo no cérebro. 

Há ainda estudos que indicam a aplicabilidade do Ômega 3 para a melhora da recuperação muscular, no tratamento de gordura no fígado e em diversos outros cenários.  

Indicada para todos os públicos, a gordura saudável demanda atenção especial apenas de quem faz uso de anticoagulantes e de quem tem sensibilidade ou alergia a frutos do mar.  

O importante, de acordo com Marcelo, é ter em mente o uso do suplemento como o que o próprio nome sugere: para suprir uma falta e não para substituir outros elementos da alimentação.  

“A gente consegue ter a suplementação como uma ferramenta para a construção da base de uma alimentação saudável. Isso não pode inverter a pirâmide, onde você tem na base hábitos saudáveis, um bom plano alimentar e a suplementação entra na ponta dessa pirâmide”, esclarece.  

Em relação ao consumo, o ideal é ingerir junto com as principais refeições e evitar tomar o suplemento antes de dormir. “À noite, próximo do sono, há alguns estudos que sugerem que o Ômega 3 pode exercer alguma ação no sistema nervoso simpático. Dada essa possibilidade, sugiro não consumir próximo ao sono”, finaliza.  


Bom saber  


O Ômega 3 é um potencial aliado na modulação do metabolismo. 

 

O ácido graxo atua na regulação dos níveis de colesterol – um dos principais desequilíbrios constatados em quadros de síndrome metabólica.  

Como não é produzido pelo organismo, esse tipo de gordura saudável precisa ser consumido via alimentação.  

Peixes gordurosos de águas frias, castanhas, chia e linhaça são boas fontes de Ômega 3.  

No caso de organismos muito inflamados a indicação é do uso de suplementação para otimizar a ação do ácido graxo.  

Mas, segundo o nutricionista Marcelo Carvalho, o suplemento de Ômega 3 não deve ser interpretado como uma “monoterapia”: é preciso adequar a rotina, incorporando hábitos saudáveis, para que essa e outras substâncias possam atuar com completude.  

Sobre a recomendação de uso, o Ômega 3 deve ser ingerido junto com as principais refeições, durante o dia. Pois, há estudos que sugerem que tomar a substância à noite pode interferir no sono.  

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