Dos sete esses (da letra S, mesmo!) que explicam os motivos do envelhecimento da pele, em inglês, o açúcar ocupa o segundo lugar da lista de vilões.
Os chamados Seven Skin Ages trazem antagonistas conhecidos na trama da pele perfeita: sun (sol), sugar (açúcar), sleep (sono), stress (estresse), skin care (cuidados com a pele), smoking (tabagismo) e second (o passar dos anos).
A dermatologia elencou os arquiinimigos da sutileza com que o tempo pode marcar o rosto através das décadas.
E, não à toa, o único personagem relacionado à alimentação é o açúcar.
Caramelizado
Fosse a estética uma aula de culinária, a explicação do efeito do açúcar na pele seria similar àquele de quando o ingrediente é levado, isoladamente, ao fogo por alguns minutos.
A graça de um doce caramelizado é a camada dura que o açúcar cria na superfície em que é aplicado. Basta bater a colher ou dar uma mordida para que ele trinque, criando pequenas rachaduras.
O paralelo com a pele é mais que perfeito.
Isso porque o açúcar endurece as fibras de colágeno e de elastina da pele por meio de um processo chamado glicação. É como se a glicose que fica solta no sangue se conectasse às proteínas, formando os chamados AGEs (sigla para “produto final da glicação avançada”), que causam uma desordem dos tecidos cutâneos.
Um estudo com mulheres de 40 a 74 anos mostrou que aquelas que consumiram mais carboidratos apresentaram uma pele mais enrugada do que as que se alimentaram com menos carboidratos e mais proteínas.
Os dados levaram os pesquisadores a concluírem que uma menor ingestão de carboidratos (vale lembrar que 100% dos carboidratos viram açúcares no organismo!) está diretamente relacionada ao envelhecimento mais compassado da pele.
Células envelhecidas
No pacote de aceleração do envelhecimento causado pelos açúcares, as células vão de carona por meio dos telômeros, que são parte das moléculas que carregam as informações genéticas.
Com o passar dos anos, os telômeros naturalmente ficam mais curtos. É o processo fisiológico comum e esperado. Só que a ação da glicose faz com que a velocidade com que isso ocorra aumente.
Fato comprovado num estudo realizado com 5.309 adultos que tomam, regularmente, bebidas adoçadas.
A pesquisa apontou que beber cerca de 600 ml de refrigerante todos os dias equivale a 4,6 anos adicionais de envelhecimento no aspecto do rosto.
De cair os cabelos
O efeito do açúcar se estende também ao couro cabeludo.
Com mais açúcar na corrente sanguínea, o organismo se vê obrigado a aumentar a produção de insulina, que leva à liberação de uma série de hormônios que impactam a divisão celular da raiz capilar.
O excesso de açúcar pode provocar um processo inflamatório que induz o afinamento e a queda de fios – reação que pode ser, ainda, potencializada pela falta de outros nutrientes. E a calvície é um dos elementos ligados diretamente ao envelhecimento.
Impactos na saúde
Para além do que se vê, o açúcar causa uma desordem no organismo como um todo, incluindo o sistema imunológico.
É que com o aumento dos radicais livres causado pela ingestão de açúcares refinados, aumentam também as citocinas pró-inflamatórias que demandam a atuação dos glóbulos brancos – o que abala a imunidade.
Um corpo com processo inflamatório crônico causado pelo excesso de açúcar é mais propenso ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, câncer, Alzheimer e síndrome metabólica – condições impeditivas de uma vida longa e saudável.
Bom lembrar
A longevidade é construída todos os dias. É o resultado de uma soma de escolhas que incluem a moderação no consumo de açúcar.
Considerando o fato de que todos os alimentos, quando metabolizados, são transformados em glicose, é preciso parar para refletir sobre o impacto que doces declaradamente ricos em açúcares, gorduras saturadas e calorias vazias podem causar no organismo.
E, mensurar: a alegria momentânea vale os possíveis desdobramentos na saúde? Como os anos a menos vividos?