30 milhões de brasileiros não comem carne. É mais gente que a população da Austrália e da Nova Zelândia juntas.
O comparativo foi feito pela Sociedade Vegetariana Brasileira, que viu, em 2018, o resultado do Ibope Inteligência apontar – num intervalo de seis anos – o crescimento de 75% dos adeptos da dieta que exclui alimentos de origem animal.
A disparada por uma rotina dedicada às fontes vegetais não é exclusividade do território nacional. e No Reino Unido, o veganismo – linha mais restritiva do vegetarianismo – teve um salto quantitativo: entre 2006 e 2018, o número de veganos quadruplicou, como revela a pesquisa da The Vegan Society * (A).
Foi no leste da Inglaterra, inclusive, que uma decisão da justiça trabalhista britânica considerou o veganismo ético como uma “crença filosófica”, protegida pela Lei da Igualdade, em vigor desde 2010 no país.
Mais que uma escolha alimentar, o movimento rejeita qualquer exploração animal – como o uso de couro, lã ou cosméticos testados em animais.
Ativismo na mesa
Para montar o cardápio diário, vegetarianos e veganos optam, em comum, por frutas, folhas, leguminosas, cereais integrais, raízes, tubérculos, sementes e oleaginosas. Essa é a base da dieta saudável.
Só que, apesar de rica nos chamados alimentos da terra, a dieta restritiva exige atenção dos adeptos à possibilidade de carência de nutrientes essenciais.
Segundo a nutricionista Alessandra Feltre, na prática clínica, nota-se a deficiência de vitamina B12, ferro, creatina, zinco, ômega 3 e taurina entre esses pacientes. Isso porque, alguns dos nutrientes – como a vitamina B12 – não têm boas fontes no reino vegetal.
“Ela é abundante no reino animal, principalmente em carnes vermelhas, por isso, é bastante comum e frequente encontrarmos baixos níveis de vitamina B12 em exames laboratoriais”, explica.
Avaliação individualizada
As necessidades em termos de nutrição variam de pessoa para pessoa, independentemente da ideologia aplicada ao prato. Mas, a especialista é categórica ao afirmar que é um desafio atingir a meta diária de proteínas ao calcular o plano alimentar de pacientes vegetarianos e veganos.
A alternativa é investir na suplementação.
“A proteína vegana em pó pode ser uma forma prática e acessível para o café da manhã e o lanche da tarde, visando fracionar consumo proteico ao longo do dia”, pontua.
O resultado aparece na pele, unhas e cabelos saudáveis.
E os músculos?
De olho no ganho de massa muscular, o caminho sugerido por Alessandra é a escolha pela creatina, que é armazenada no músculo e requisitada para a produção energética rápida e para otimizar a performance física e reduzir a fadiga durante os exercícios físicos.
A nutricionista recomenda a suplementação com 3 a 5g de creatina para melhorar a saúde cognitiva, reduzir sintomas de depressão e ajudar no ganho de força muscular.
Auxílio para a natureza
Se o ferro e zinco presentes em leguminosas, sementes e castanhas é prejudicado por conta da biodisponibilidade menor do que em alimentos de origem animal, nada impede os vegetarianos e veganos de dar uma “mãozinha” para a natureza.
Alessandra indica driblar a limitação dos vegetais, aliando as fontes de nutrientes. “Podemos melhorar sua utilização pelo organismo quando consumido junto a alimentos fontes de vitamina C como limão, kiwi, laranja, acerola, entre outros”, indica.
Para assistir
A nutricionista participa de uma série de vídeos sobre suplementação no canal da Puravida no Youtube. O conteúdo traz os detalhes técnicos dos nutrientes necessários para manter a nutrição de vegetarianos e veganos em dia. Assista o vídeo aqui.
* (A) The Vegan Society |*