Incrustada nas montanhas da zona azul da Sardenha, Villagrande desafia o conceito de ilha, em meio ao paraíso italiano no Mediterrâneo.
Distante – mas não tanto – do glamour dos cenários pelos quais o destino é reconhecido internacionalmente, a vila tem outra proposta: é um conglomerado de casas simples, muito próximas umas das outras, que se destaca por um atrativo nada turístico: a longevidade dos habitantes.
Ali, entre a Córsega e a Tunísia, cidadãos com mais de 100 anos esbanjam a vivacidade que contrapõe as estatísticas. Em Villagrande, ao contrário do restante do mundo, homens e mulheres têm expectativas de vida equiparadas.
Nesse território, há, proporcionalmente, seis vezes mais centenários do que em toda a Itália, e dez vezes mais do que na América do Norte.
Centenários e saudáveis
A superlongevidade atraiu a psicóloga Susan Pinker *(A), que decidiu ir pessoalmente até a pequena vila italiana para pesquisar qual era o segredo de uma vida tão longa. O resultado virou uma espécie de indicador.
Susan constatou que apenas 25% da responsabilidade dos anos vividos podia ser atribuída à genética. Os outros 75% estavam diretamente ligados ao estilo de vida daquela população.
Indicadores da longevidade
O ranking detectou elementos facilmente reconhecidos quando o assunto é qualidade de vida, como: respirar ar puro, praticar exercícios físicos, ter um certo cuidado com o peso e a escolha por parar de fumar e beber.
Nessa lista entram a reabilitação cardíaca, no caso daqueles que tiveram problemas do coração, e a hipertensão controlada.
Mas, os dois principais motivos apontados como o segredo da longevidade, pouco têm a ver com a saúde física. Eles estão ligados às relações interpessoais. São eles:
- relações próximas: estar cercado e ter contato diariamente com pessoas com quem você possa contar;
- integração social: ter conversas com aqueles que moram próximos, que passam pela rua, que fazem parte da rotina, direta ou indiretamente.
A psicóloga explica que o contato cara a cara libera uma cascata de neurotransmissores que protege a saúde agora, no presente, assim como no futuro.
“Simplesmente fazer contato visual com alguém, um aperto de mão, é o suficiente para liberar ocitocina, que aumenta nosso nível de confiança e baixa o cortisol”, detalha.
Saúde Cardiovascular
Sem estresse, confiantes, cercados por aqueles que se importam com eles e com o coração em dia, os italianos de Villagrande ultrapassam facilmente os cem anos de idade.
E, do velho continente, vêm as dicas aplicáveis a todas as nacionalidades para evitar as doenças cardiovasculares. Uma das mais valiosas está entre os indicadores de Susan Pinker: ter a hipertensão controlada.
Isso porque a pressão alta faz parte dos grupo de fatores associados às doenças do coração e da circulação.
Segundo dados do IBGE *(B), 23,9% dos brasileiros têm hipertensão, o que equivale a cerca de 38 milhões de pessoas que lidam com a pressão alta todos os dias.
Entre outros fatores de risco para as patologias cardiovasculares, a American Heart Association *(C) cita o tabagismo, a falta de atividades físicas, o índice de massa corporal (IMC) alto, a glicemia e os hábitos alimentares.
De olho nos nutrientes
Não tem como escapar: é no prato-nosso-de-cada-dia que moram outros segredos para uma vida longa e saudável. É nas refeições também que se concentram os nutrientes capazes de prevenir e tratar as doenças cardiovasculares.
Para além da alimentação, tudo que o corpo não dá conta de absorver sozinho, é passível de suplementação. A tecnologia vira aliada na busca por mais saúde.
A nutricionista Alessandra Feltre selecionou alguns elementos que, segundo a ciência, fazem a diferença na vida de quem já se deparou com as doenças do coração e da circulação – e daqueles que não querem as encontrar.
Alessandra resumiu os efeitos da suplementação de cada um deles, baseada em evidências científicas:
Ômega 3: reduz níveis de triglicerídeos no sangue, reduz a insulina e aumenta a glutationa – que, por consequência, aumenta a capacidade antioxidante do organismo.
Cúrcuma: melhora a função endotelial, limita o risco de peroxidação lipídica – que desencadeia respostas inflamatórias que podem levar a doenças cardiovasculares -, e é um potente anti-inflamatório e antioxidante, além de impactar positivamente no colesterol positivo, o HDL.
Coenzima Q10: diminui o estresse oxidativo e aumenta a quantidade de enzimas antioxidantes, sendo considerada uma terapia coadjuvante para diferentes condições cardíacas e metabólicas.
Astaxantina: tem propriedade antioxidante cem vezes mais potente que a vitamina E.
Extrato do suco de bergamota: tem até 28% de flavonóides que auxiliam no controle do colesterol e da glicemia.
Magnésio: atua na modulação da excitação neural e na contração do miocárdio. O mineral está envolvido em mais de trezentas reações metabólicas, sendo responsável pela produção de ATP – a “moeda de energia” do organismo.
Vitamina D: essencial para a regulação do tônus muscular, sendo uma via de sinalização antifibrótica e anti hipertrófica no coração. A deficiência da vitamina D está relacionada ao risco de doenças cardíacas.
Bom saber
Para ser um centenário com a lucidez e qualidade de vida dos cidadãos italianos encontrados por Susan Pinker, não há outro caminho que não o dos bons hábitos – alimentares, físicos, psicológicos e sociais.
Com uma mãozinha da suplementação, é possível garantir que o músculo que mais trabalha no corpo dê conta de ultrapassar a marca dos cem anos com menos esforço e mais felicidade.
*(A) https://www.ted.com/talks/susan_pinker_the_secret_to_living_longer_may_be_your_social_life
*(B) Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA *(C)Understand Your Risks to Prevent a Heart Attack | American Heart Association