Entenda como uma pitada de estresse pode turbinar sua imunidade

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. O que a ciência propõe, quando o assunto é estresse, não é uma vida monástica.

Embora o mundo ideal passe longe do vai-e-vem eletrizante dos grandes centros, os pesquisadores reconhecem: uma pitada de cortisol faz bem à saúde. E essa constatação não é de hoje.
 

Para além das reações de fuga ou luta, acionadas quando passamos por alguma situação estressante, o cortisol – que se espalha pela corrente sanguínea numa resposta automática – é capaz de manter os níveis constantes de glicemia, pressão arterial e ritmo cardíaco.

Esse hormônio conversa também diretamente com o sistema imunológico, como um aliado na redução de infecções.
 

Tal qual outras substâncias presentes no organismo, o interruptor que acende o alerta do cortisol é acionado pela constância com que o hormônio é liberado: uma rotina com recorrentes momentos de irritação, por exemplo, pode levar ao desenvolvimento do estresse crônico, que é, comprovadamente, um inimigo da imunidade.

Estudos mostram, que quadros duradouros de estresse causam não só a vulnerabilidade de contágio para doenças leves e virais, como o resfriado* (A), mas também o surgimento de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.* (B)
 

O nascimento


Logo que o ser humano nasce, o corpo recebe a primeira descarga de cortisol. A dose é determinante para o futuro de cada indivíduo.

“Assim que o bebê sai do útero materno, ele tem um aumento do cortisol e é através dele que nós abrimos a janela pra vida e começamos a nos adaptar a todas as adversidades que vamos viver”, explica a nutróloga e endocrinologista, Vânia Assaly.
 

É uma reação de sobrevivência, mas se trata também do primeiro estímulo da linguagem de adaptação do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal. Essa estrutura responde pela integração dos sistemas nervoso e endócrino do corpo humano.
 

Primeiros anos de vida


Se a descarga de cortisol no nascimento não é opcional, é a superdose de estímulos externos que pode amenizar o efeito do estresse no futuro.

O afeto vem como resposta para o fortalecimento da rede neural – que realça a boa função adaptativa do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal.

Quanto mais acolhido durante a infância, maiores as chances do indivíduo encarar com leveza a rotina atarefada na vida adulta.
“Tanto as questões genéticas como os primeiros anos de vida vão trazer uma boa montagem desse sistema. Aí, eu posso trabalhar muito e achar aquilo um baita desafio e fazer um trampolim para a vitória se eu tenho uma boa carga, um terreno neuroquímico bem implantado”, conta Vânia Assaly.


Vânia é pontual ao afirmar: a adaptação ao contrato de sobrevivência diário é sempre neurohormonal com impacto imunológico, consumindo os nutrientes do organismo.

Por isso, é preciso abastecer o corpo com bons nutrientes para superar as disfunções de adaptação.
 

Cada indivíduo tem uma necessidade particular, modulada pela rotina e por alterações indicadas em exames. Mas, todos têm em comum a alta demanda por uma série de nutrientes que precisam ser inseridos no dia a dia, seja por meio da alimentação ou da suplementação. Nessa lista, se destacam:
 

  • vitamina C
  • vitamina B5
  • vitamina E
  • zinco
  • selênio 
  • cobre
  • manganês


Os nutrientes acima se conectam pelo efeito antioxidante – uma das maiores demandas da glândula suprarrenal, que produz o hormônio que gerencia o estresse.

A nutróloga recomenda ainda que nos casos em que o cortisol não diminui no fim do dia, a fitoterapia (tratamento baseado no uso de plantas) pode ser uma boa alternativa para equilibrar a produção do hormônio.
  

Lembre-se


O cortisol é um aliado do sistema imunológico, no entanto, precisa ser bem administrado para não causar prejuízos à saúde.

O acolhimento na infância faz com que o indivíduo aprenda a lidar com o estresse da vida adulta, ressignificando situações que poderiam causar uma sobrecarga de cortisol.

A suplementação é uma alternativa para corrigir eventuais disfunções de adaptação, causadas por uma rotina estressante. Caso você esteja em dúvida sobre os impactos do estresse na sua vida, a orientação é procurar um endocrinologista.
 

Para ouvir


O terceiro episódio do Puravida Cast traz a conversa completa com a nutricionista e endocrinologista Vânia Assaly, que revela outros detalhes sobre o funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal e sobre a maneira como o cortisol age no nosso organismo. Para ouvir, clique aqui.

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