Descubra como os relacionamentos podem impactar sua imunidade

Se sentimento fosse indicação médica, o afeto estaria na base das receitas para fortalecer a imunidade.

Isso porque relacionamentos saudáveis são fontes perenes de liberação de ocitocina* (A), o hormônio ícone das benesses para o organismo.

É ele quem alivia o estresse, induz o sono, desperta o senso de altruísmo e fortalece vínculos amorosos – combo particularmente interessante para as manobras que ocorrem no sistema imunológico frente às ameaças para a saúde.

O oposto também é válido: relações tóxicas, que causam inquietações frequentes, impactam de forma negativa a imunidade.

Para além de qualquer leitura romantizada, uma pesquisa *(B) realizada pelo Instituto Nacional de Saúde da Itália comprovou: a insegurança nos relacionamentos prejudica a ação das células natural killers (células de defesa), essenciais para o bom funcionamento do sistema imune.

Estudos realizados pela instituição italiana mostraram que as células de defesa perderam a eficiência no organismo de mulheres que se sentem vulneráveis no âmbito amoroso. 

Ligações interpessoais nocivas resultam numa rotina em que se consolida o estresse crônico, desencadeador de maior propensão ao contágio de doenças que vão do simples resfriado ao desenvolvimento do Alzheimer.

Solidão x Solitude


Quando falta afeto, sobra solidão. E, mais que um sentimento, a sensação de não ter ninguém, mesmo ao lado de outras pessoas, é encarada pela ciência como uma patologia *(C).

Por outro lado, a solitude – muito longe de ser sinônimo -, é a forma racional de lidar com o estar-sozinho. É o isolamento por escolha.
 

Como numa reação em cadeia, a tristeza surge e, por vezes, permanece, numa perpetuação da alteração hormonal que leva ao estado de humor deprimido. É o sentimento transformado em doença: a depressão.

Mas o caminho para um estado depressivo também pode ser conduzido por outro sentimento comum – a ansiedade que, aliada ao estresse, acelera a chegada ao quadro alterado de saúde mental.

“Normalmente o paciente que está estressado e ansioso começa a desenvolver anedonia (falta da sensação de prazer). Ele já não treina mais, não se preocupa com a dieta, com a rotina, com o sono, não quer mais socializar… começa a empobrecer a rotina. E isso é um oceano de fatores de risco para diversos problemas, porque a pessoa começa a se isolar e a saúde mental começa a cair de maneira forte”, explica o psicólogo e neurocientista, Elsen Delanogare. 

Elsen aponta que a alteração de humor resulta numa atividade diferenciada do eixo de liberação de cortisol e o sistema imunológico fica abalado, levando à maior suscetibilidade às doenças. 

Armadilha


Enquanto atividades de menos se apresentam como um fator de risco, o excesso de compromissos, por outro lado, pode ser a entrada que conduz para um perigoso labirinto. 

Há de se ter cuidado para não cair na armadilha da rotina superprodutiva. Com o excesso de estímulos e a falta de capacidade de dizer não às oportunidades, o indivíduo perde a percepção do tempo – e de como administrá-lo.

“Isso é o modus operandi, a condição sine qua non do Burnout. É a pessoa que escalonou muitas coisas e não conseguiu fazer o cálculo se o psicológico dela ia conseguir acompanhar aquele monte de compromisso”, resume o psicólogo.

Alto lá


Embora os sentimentos base das doenças mentais sejam sempre destacados como negativos, segundo o neurocientista, eles fazem parte do leque fundamental para a existência e sobrevivência humana.

“Ansiedade é uma manifestação natural do comportamento humano e ela é adaptativa, é importante que a gente tenha um pouco de ansiedade frente às situações do dia a dia, caso contrário você não conseguiria fazer praticamente nada”, destaca Elsen.

O mesmo vale para o estresse *(D) e para a tristeza, que nada mais são do que uma alteração emocional, comum numa rotina saudável.

Saia de casa!


Para driblar a solidão, administrar a tristeza e amenizar a ansiedade, a sugestão do neurocientista é simples: sair de casa é a solução mais rápida e eficaz para ativar os hormônios que devolvem o equilíbrio ao organismo.

“A rotina social é muito protetora, a interação social é extremamente protetora a nível de sistema nervoso central e sintomas”, defende.

São os bons relacionamentos em favor da saúde – física e mental.
 

Para ouvir


A conversa completa com o psicólogo e neurocientista, Elsen Delanogare, está disponível no Puravida Cast. Para descobrir mais sobre o efeito das emoções e das relações na saúde, é só clicar aqui

*(A) Qualidade de relacionamento e ocitocina: Influência de aspectos estáveis e modificáveis das relações – Julianne Holt-Lunstad, Wendy C. Birmingham, Kathleen C. Light, 2015 (sagepub.com) 

*(B) BBCBrasil.com | Reporter BBC | Insegurança em relacionamentos ‘pode diminuir imunidade’

*(C) https://oxfordre.com/psychology/view/10.1093/acrefore/9780190236557.001.0001/acrefore-9780190236557-e-122 

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